CIÊNCIAS SOCIAIS

CIÊNCIAS SOCIAIS

25 de ago. de 2011

DCE DA UNICAP PROMOVE MINICURSO SOBRE "TEORIA MARXISTA"

O DCE da UNICAP estará promovendo um minicurso sobre "Teoria Marxista" na última semana de Agosto.
Eis aí uma boa oportunidade para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o paradigma materialista-dialético de interpretação da realidade social, econômica e política das civilizações humanas...

18 de ago. de 2011

FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO DIVULGA PROGRAMAÇÃO AUDIOVISUAL PARA ENRIQUECIMENTO DOS DEBATES DOS GRUPOS DE TRABALHO DO CONGRESSO ALAS

Proposta de programação audiovisual na Fundação Joaquim Nabuco para o XXVIII Congresso da Associação Latino-americana de Sociologia (ALAS), com o tema Fronteiras abertas da América Latina, que ocorrerá no Recife entre os dias 06 a 11 de setembro de 2011. Caso queiram marcar um horário especial no cinema da Fundação - na parte da tarde - ,
enviar email para "edineide franco".

Proposta:
- Exibição em DVD da mostra Os Latino-Americanos, produzido pela Televisión América Latina (TAL) na Fundação Joaquim Nabuco (Derby), na sala João Cardoso Ayres (às 19h nos dias úteis entre 22 de agosto a 5 de setembro) e no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (dia 6 de setembro, às 14h30). Entrada franca, sujeita à lotação da sala (JCA, 50 lugares, Cinema, 197 lugares + 3 cadeirantes).

Sobre a mostra:
- Em consonância com o projeto de elevar o pensamento crítico pelos grupos de trabalhos do 28º Congresso da ALAS, a Fundação Joaquim Nabuco oferece as exibições gratuitas da mostra Os Latino-Americanos.
Os 12 documentários que compõem a mostra são resultados de um desafio lançado pela Televisão América Latina (TAL) para realizadores da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Perú, Uruguai e Venezuela.

A TAL é uma rede de intercâmbio e divulgação da produção audiovisual dos 20 países da América Latina, hoje presidida pelo cineasta Orlando Senna. A instituição, que é também uma web-tv e produtora de vídeo, não tem fins lucrativos e é ligada a centenas de associados. São canais públicos de TV, instituições culturais e educativas e produtores independentes que compartilham seus documentários, séries e curtas-metragens. A TAL hoje acumula um acervo de sete mil programas com a idéia de aproximar os povos latino-americanos.

Os cineastas locais convidados para compor o projeto Os Latino-Americanos teriam de “definir o latino-americano além da retórica simplificadora dos manuais e formular os termos de identidade para um continente”, diz Alberto Ramos no catálogo da mostra.

Um dos aspectos a observar é que, nesse espelho audiovisual coletivo, tornaram-se mais claras as desigualdades socioeconômicas que marcam as relações no continente.

Segundo o jornalista Cássio Starling Carlos, os realizadores conseguiram com que, mesmo mantendo aspectos de especificadades locais como prática religiosa, misutras étnicas, efeitos de migração de políticas econômicas e de injustiças sociais, os filmes focassem a perspectiva do sujeito, do indivíduo, sem nunca dissolvê-lo sob instâncias generalizantes, fugindo do folclore ou dos estereótipos.

Programação:
22 agosto (segunda-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os uruguaios
Mariana Viñoles
53’ - Uruguay - 2006


23 agosto (terça-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os colombianos
Omar Rincón
52’ - Colombia – 2006

24 agosto (quarta-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os peruanos
Ernesto Cabellos Damián
53’ - Perú – 2008

25 agosto (quinta-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)

Os mexicanos
Alejandro Strauss
54’ - México – 2006

26 agosto (sexta-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os venezuelanos
Anabel Rodríguez Ríos e Andrea Herrera Catalá
56’ / Venezuela / 2008

29 agosto (segunda-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os equatorianos
Juan Martín Cueva
54’ - Ecuador – 2008

30 agosto (terça-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os paraguaios
Marcelo Martinessi
54’ - Paraguay - 2006


31 agosto (quarta-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os cubanos
Arturo Sotto
55’ - Cuba - 2008

1º setembro (quinta-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os bolivianos
Verónica Cordóvas
53’ – Bolívia/Brasil – 2008

2 setembro (sexta-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os chilenos
Aldo Oviedo T.
52’ – Chile/Brasil

5 setembro (segunda-feira) – 19h (sala João Cardoso Ayres)
Os argentinos
Luis Esnal
54’ - Argentina - 2006

6 setembro (terça-feira) – 14h30 (Cinema da Fundação Joaquim Nabuco)
Os brasileiros
Philippe Barcinski
52’ – Brasil – 2011

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A série Os Latino-Americanos

Os uruguaios
Mariana Viñoles
53’ - Uruguay - 2006
Os Uruguaios opta pelas palavras: a mulher que trocou a cidade pelo campo, um pequeno fazendeiro, um advogado bem sucedido, um imigrante italiano, um guarda florestal e um estudante contam suas histórias, enquanto encontramos o espírito uruguaio impregnado nas águas do Prata, no tango de Gardel ou numa rua ensolarada.
06/12, 19h30, FUNDAJ
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Os colombianos
Omar Rincón
52’ - Colombia - 2006
Os Colombianos não é um documentário, ainda que suas imagens sejam reais, nem uma ficção, ainda que devaneie sobre o que é a identidade colombiana. Para o diretor, trata-se de um ensaio. Um apanhado geral da Colômbia cotidiana, sem verdades absolutas nem depoimentos carregados de orgulho patriótico
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Os paraguaios
Marcelo Martinessi
54’ - Paraguay - 2006
“Muero con mi patria” (morro com a minha pátria) teria dito o Marechal Solano López quando morria na Guerra do Paraguai em 1870. Sua pátria sobreviveu e continuou parindo heróis. Os Paraguaios parte dos primórdios da nação guarani para o Paraguai contemporâneo: historiadores, antropólogos, escritores e artistas tentam desatar os nós de uma realidade de contrastes.
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Os peruanos
Ernesto Cabellos Damián
53’ - Perú - 2008
Em meio a tantas diferenças que podem ser encontradas em um país, existe um espaço onde toda uma nação se sente harmoniosamente integrada. No Peru, esse espaço é a cozinha. O documentário Os Peruanos - Panelas e Sonhos é uma viagem de exploração a um universo de cores, texturas, sabores e cheiros, que revela a história e a cultura de um povo.
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Os equatorianos
Juan Martín Cueva
54’ - Ecuador - 2008
“Identidade? Não é algo que seja herdado e que permaneça imóvel mas sim uma coisa que podemos transformar”. As palavras do poeta Jorgenrique Adoum sintetizam a inquietação do documentário Os Equatorianos, Este Maldito País - músicos, agricultores, antropólogos e pescadores fazem uma reflexão em várias vozes sobre a identidade equatoriana.
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Os cubanos
Arturo Sotto
55’ - Cuba - 2008
Um anúncio de rádio convoca a população cubana a participar de um documentário, contando histórias reais que tenham algo de “extraordinário, autêntico, único, maravilhoso”. Esse é o ponto de partida de Os Cubanos - Breton é um bebê. A equipe de gravação faz uma viagem por toda a ilha, para registrar o que há de mais surreal em Cuba.
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Os argentinos
Luis Esnal
54’ - Argentina - 2006
Com objetivo de capturar as raízes da cultura argentina, a equipe percorreu 13 mil quilômetros. Pessoas e paisagens foram registradas: da salina a quatro mil metros à cantina italiana em Buenos Aires. Da aldeia guarani em Misiones às montanhas de Humahuaca. Um mergulho profundo num país complexo, graças à diversidade de suas identidades
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Os venezuelanos
Anabel Rodríguez Ríos e Andrea Herrera Catalá
56’ / Venezuela / 2008
Há venezuelanos que, em seu dia a dia, parecem desafiar o impossível. Depoimentos de personagens de diferentes regiões são complementados com videoclipes que retratam seu cotidiano, em ambientes variados e surpreendentes como plataformas de petróleo, minas de ouro e conjuntos habitacionais gigantescos.

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Os mexicanos
Alejandro Strauss
54’ - México - 2006
Por meio do contraste entre estereótipos no momento da entrada da sociedade mexicana à pós-modernidade, o documentário mostra múltiplas faces do México atual. O diretor busca derrubar a visão homogênea sobre o país construída pelo olhar europeu. Discursos que evidenciam que o México é conformado por “muitos países dentro de um só”.
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Os bolivianos
Verónica Cordóvas
53’ – Bolívia/Brasil – 2008
Em uma época de transformações na Bolívia, uma série de perguntas é repetida nas nove províncias do país, para personagens de diversas idades, profissões e religiões. O resultado é uma colagem de entrevistas, imagens e sentimentos que ajudam a entender como são os bolivianos.
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Os chilenos
Aldo Oviedo T.
52’ – Chile/Brasil - 2011
Desde o árido deserto do Atacama até as florestas frias da Patagônia, descobrimos personagens únicos, ‘guardiões do patrimônio nacional’, que lutam desde suas trincheiras para proteger a cultura do povo chileno, a semente que dá origem ao alimento, a terra e o mar, a ecologia, a música, raiz do folclore nacional, a cidade e a arquitetura , todos eles mostrarão a beleza deste território chamado Chile.
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Os brasileiros
Philippe Barcinski
52’ – Brasil – 2011
É possível definir o povo brasileiro a partir de seu gestual, de seu uso do corpo? Antônio Nóbrega, Carlinhos de Jesus, Ângela Madureira e Ana Catarina Vieira procuram responder a essa pergunta analisando suas trajetórias pessoais e as origens do samba, do frevo, do maracatu e de outras manifestações da cultura popular brasileira.

12 de ago. de 2011

APÓS 11/9 MUNDO REVIVE CHOQUE MEDIEVAL DE CRISTÃOS E MULÇUMANOS

Imagem mostra o batismo de mouros após a conquista de Granada, na Espanha, pelos cristãos-Foto: Hulton Archive/Getty Images
Direto de Nova York
Vencedor do prêmio Pulitzer por duas vezes, por conta dos dois tomos da magistral biografia de uma das figura mais importantes da luta pelos direitos civis dos negros dos EUA, o sóciologo W. E. B. Du Bois, primeiro afro-americano dutorando em Harvard, o professor da Universidade de Nova York (NYU) David Levering Lewis é um dos principais especialistas na história da formação do mundo islâmico na academia norte-americana. Seu livro 'Islã e a Formação da Europa - 570 a 1215' (Editora Manole) é considerada obra fundamental para se entender o atual choque entre os mundos cristão e muçulmano.
No livro, lançado em 2008, Lewis joga por terra a ideia de que a identidade europeia se deu unicamente pela confluência judaico-cristã, com os muçulmanos apresentados como neo-bárbaros, assassinos de heróis ocidentais. O período medieval da "convivência" ibérica (em que judeus, cristãos e muçulmanos tentaram se acomodar culturalmente) é especialmente interessante para se estabelecer paralelos históricos com uma possível - e fundamental - comunhão entre as três linhas de pensamento religioso no século XXI. Em entrevista exclusiva ao Terra em seu apartamento na parte setentrional de Manhattan, Lewis fala sobre os múltiplos significados dos atentados do 11 de setembro, que completam 10 anos mês que vem, a ignorância americana, o fundamentalismo islâmico e o papel emergente do Brasil no novo tabuleiro político mundial.
Terra - Qual foi sua experiência estando no Marrocos, um país de maioria islâmica, quando do ataque ao World Trade Center, em 2001?
David Levering Lewis - O choque dos marroquinos, da população, foi genuíno. Estávamos na kasbah quando a notícia nos chegou. Fomos levados para uma casa ocupada por um casal da embaixada americana e passamos a ver tudo pela BBC. Eu e minha mulher voltamos para nosso hotel à pé e quando deixávamos a embaixada um local nos abordou e disse: "Senhores, queria que soubessem o quão tristes estamos com o que aconteceu. E nós, marroquinos, fomos os primeiros a reconhecer formalmente os EUA como nação independente". Eu, historiador, não sabia disso. Fiquei impressionado, claro. A reação comum era a mesma: incredulidade e simpatia. Mas, no momento em que deixamos Fez, uma semana depois, já sob o impacto da resposta do governo Bush, começamos a ouvir a narrativa de que os americanos não deveriam se surpreender com os ataques.
Terra - Era como se os EUA estivessem pagando a conta de sua posição pró-Israel nas últimas décadas...
Lewis - Exatamente. E a resposta ao 11 de setembro não era esperada pelas populações daquela parte do mundo, a invasão do Afeganistão e, especialmente, do Iraque. Mas boa parte dos americanos também não conseguiu acreditar no que aconteceu. O chefe da inteligência dos EUA, Richard Clarke, diz que ficou atônito quando, no dia 12 de setembro de 2001, Bush pediu a ele para encontrar alguam ligação entre o ataque e Saddam Hussein. Foi uma reação bizarra de Washington, que jamais poderia ser prevista. Hoje, claro, entendemos melhor a mentalidade de Bush Júnior e das pessoas que o cercavam. Eles estavam esperando uma oportunidade para agir. Conseguiram no 11 de setembro.
Terra - Mas o senhor não é um adepto das teorias de conspiração que circundam o 11 de setembro, não é?
Lewis - Não. Mas acho estranho ninguém se perguntar porque não conseguimos encontrar Osama Bin Laden até este ano. Claro, era uma tarefa difícil. Mas sempre acreditei que mantê-lo vivo e escondido fosse fundamental para a justificativa da ocupação do Afeganistão.
Terra - Por outro lado, boa parte da direita americana diz que a primavera árabe não teria ocorrido sem a ocupação americana do Iraque e a política de disseminação da democracia no mundo islâmico...
Lewis - Que fique bem claro, de uma vez por todas: uma coisa não tem nada a ver com outra. Sim, há alguma relação de causa e efeito aqui, mas vem do fato de que desestabilizamos aquela região de tal maneira, que abriu-se a janela para que protestos contra autocracias outras acontecessem. Mas foi só isso.
Terra - Na introdução de seu livro, o senhor escreveu que o império supremo do século XX, os EUA, estava destinado a uma colisão com o Islã similar ao que o império britânico enfrentou no fim do século XIX. O senhor poderia elaborar mais esta coincidência histórica?
Lewis - Quando terminei minha biografia de W. E. B. Du Bois, tive a oportunidade de escrever um outro livro sobre o tema dos direitos civis dos negros nos EUA. Decidi escrever algo sobre o que considerava ser o tópico mais importante para um historiador americano naquele momento: uma narrativa sobre a relação entre o Islã e o mundo cristão. Mas enfrentei muita resistência, com editores dizendo coisas como: "mas como assim, um livro com todos estes nomes árabes, difíceis de pronunciar?" (risos). Diziam: "porque vamos voltar para os tempos de Rolando e Córdoba" Leve seu livro para a América Profunda, para Ohio!". Logo percebi que precisava escrever um prefácio em que explicava a inevitabilidade de 'O Islã e a Formação da Europa'. E vivi no Sudão em 1982, em meio a uma pesquisa sobre os fundamentalistas que conseguiram deter o avanço britânico na África Oriental por uma década depois de 1885. Aquela resistência militar organizada foi uma grande surpresa para os ingleses. Foi uma tentativa de se criar Medina no Norte do Sudão!
Terra - E hoje o império americano encontra uma força resistente com ideologia similar no mundo islâmico...
Lewis - Sim, embora a população americana, mesmo depois do 11 de setembro siga negando o fato de viver sob um regime imperial. Mas entramos em colisão com o Islã, em todo o planeta, de modo chocante. Há algo curioso: vivi em Jersey City, do outro lado do rio Hudson, na esquina da mesquita comandada pelo xeque egípico Omar Abdul Rahman (o "xeque cego"), que engendrou o primeiro ataque às torres, em 1993. Há décadas estes fundamentalistas se opõem de forma radical à política externa do império americano.
Terra - Mas o quão semelhante estes fundamentalistas do século XXI são dos do século XIX?
Lewis - Em seu núcleo, é o mesmo movimento. Não é mero acaso o homem que derrubou o secularismo no Sudão nos anos 80 seja um descendente direto dos fundamentalistas do século XIX, interessado em impor a sharia. A ideia do "povo do norte" no Sudão é a de reconstuir o califado muçulmano. E a Al-Qaeda não seria o que é sem o período passado por Osama Bin Laden no Sudão, abrigado pelos fundamentalistas contemporâneos. Mas é preciso pensar na variedade, no caráter heterogêneo da manifestação islâmica. É preciso pensar caso a caso.
Terra - Se um muçulmano do século XI tivesse a oportunidade de vir ao nosso tempo, escutar um pronunciamento de Bush, ver um vídeo da Al-Qaeda, o que pensaria do cenário político global?
Lewis - Um dos questionamentos que certamente passariam pela cabeça desta pessoa seria o fato de o mundo ter virado de pernas para o ar, historicamente fazendo pouco sentido para o que se via no século XI, quando nós, muçulmanos, fatímidas, abássidas, estávamos vencendo. O mundo seria nosso. Ciência, tecnologia, comércio, a economia global. Como as coisas estão tão reversas? Mas, há, também, um paralelo possível. Em 1085 Toledo caiu em mãos cristãs e aquele foi o começo do fim da "Convivência", a experiência breve em que os muçulmanos e cristãos viveram em relativa harmonia. Aquele foi o início de um confronto de civilizações. Estamos vivendo algo mais ou menos semelhante agora.
Terra - O senhor acredita que o 11 de setembro, assim como Toledo, seja um marco histórico no sentido de representar o limite da expansão da atual encarnação do fundamentalismo islâmico no mundo ocidental?
Lewis - É, inegavelmente, um dos grandes momentos históricos planetários. Mas, como historiador, não devo fazer profecias. Não estou certo se podemos dizer com certeza algo a não ser o fato de que a resposta dos EUA ao que aconteceu naquele dia fatídico foi um grande erro. Nos enterrou ainda mais no choque com o mundo islâmico. Antes do 11 de setembro muita gente, como historiador Paul Kennedy, anunciou o fim breve da supremacia americana. Mas ninguém acreditou que aconteceria tão rapidamente. Porque sentimos isso. Acabou o mundo unipolar, iniciado com o fim da União Soviética em 1989. Não estávamos preparado para lutar três guerras ao mesmo tempo, mas não fomos derrotados. No entanto, a derrocada econômica a partir do 11 de setembro gerou o momento histórico dos chamados BRICs, Brasil, Rússia, Índia e China, e com Turquia também surgindo, cada um a seu modo, e com ênfase no aspecto econômico, desafiando a hegemonia americana.
Terra - O senhor inclui o Brasil entre os possíveis novos líderes globais...
Lewis - O Brasil é o grande fenômeno do hemisfério ocidental, que parece oferecer ao mundo algo extremamente original, uma resposta nova aos desafios da questão ecológica, com o etanol e as novas maneiras de lidar com a Amazônia. É uma competição saudável aos EUA, que, apesar de seguir como a maior economia do planeta, vem acumulando problemas cada vez mais sérios neste flanco. Nossa decadência está sendo acelerada por uma prática geo-política equivocada, especialmente no Oriente Médio. Hoje não é mais uma presunção de um certo Osama a ideia de que Washington está por trás das políticas anti-islâmicas coordenadas por Israel. Se em setembro os EUA vetarem o reconhecimento pela ONU do estado palestino, por conta do regime de Sharon-Netanyahu, a percepção será a pior possível naquela região e em boa parte do mundo.
Terra - A convivência que existiu, ainda que breve, na Península Ibérica, entre cristãos, muçulmanos e judeus, poderia se repetir nos dias de hoje?
Lewis - Judeus e muçulmanos são sobreviventes. E há uma ponte cultural clara, histórica, entre as duas religiões. Mais relevante, se você é um israelense e prestar atenção ao crescimento populacional daquela região, não há outra alternativa. A tática de destruir as tentativas do Irã de construir uma bomba nuclear na expectativa de que o conflito será retardado é falível. Lutar, perder, e migrar para os EUA, de novo, não quero profetizar, é outra possibilidade, remota hoje. Mas os israelenses se beneficiariam de um acordo, com ajuda dos EUA, da Comunidade Européia e da Arábia Saudita, em que uma nova convivência fosse estabelecida no Oriente Médio. Mas há uma resistência enorme dos fundamentalistas dos dois lados. Netanyahu é hoje um prisioneiro dos fundamentalistas judeus. O mesmo acontece do outro lado da fronteira.
Fonte: Terra Notícias.


11 de ago. de 2011

ESPECIALISTAS TENTAM EXPLICAR DISTÚRBIOS NO REINO UNIDO

Muitas teorias foram discutidas nos últimos dias para tentar explicar as causas dos distúrbios na Inglaterra. De decadência moral a consumismo excessivo. No texto abaixo, criminologistas e especialistas dão opiniões a respeito de alguns dos argumentos.
Dependência do sistema de bem-estar:
Max Hastings, em um artigo para o jornal britânico Daily Mail, falou a respeito de um "espírito social pervertido, que eleva a liberdade pessoal ao absoluto, e nega à classe baixa a disciplina (...) que, sozinha, poderia capacitar alguns de seus membros para escapar do pântano de dependência em que vivem".
David Wilson, professor de criminologia da Birmingham City University, afirma que existe uma cultura de merecimento na Grã-Bretanha. "Mas não é apenas relativa à classe baixa - é relativa aos políticos, aos banqueiros, aos jogadores de futebol".
"Não é apenas com uma classe em particular, permeia todos os níveis da sociedade. Quando vemos políticos pedindo TVs de tela plana e sendo presos por fraudarem suas despesas, fica claro que os jovens de todas as classes não estão tendo uma liderança apropriada", afirmou.
Exclusão social:
Camila Batmanghelidjh, fundadora da organização de caridade Kids Company, escreveu em um artigo para o jornal The Independent que existe uma percepção de que a comunidade não fornece nada aos seus membros. "...Não se trata do ataque ocasional contra a dignidade, é a humilhação repetida, ser continuamente desprovido em uma sociedade rica em posses".
Estudos sugerem que viver em áreas socialmente desprivilegiadas pode ser um fator, de acordo com Marian FitzGerald, professora convidada de criminologia na Universidade de Kent. "Mas os excluídos sociais não são sempre os que causam os distúrbios, na verdade eles geralmente são os que estão mais vulneráveis aos tumultos. Precisamos de uma abordagem melhor ao invés de apenas usar a exclusão social como uma desculpa".
Falta de pais:
Segundo Cristina Odone, do jornal Daily Telegraph, a causa dos distúrbios pode ser encontrada na falta de um modelo masculino nas famílias. "Como a esmagadora maioria dos jovens criminosos presos, estes membros de gangues tem uma coisa em comum: não há um pai em suas casas".
"Criei dois meninos sozinha", afirma a professora Marian FitzGerald. "Sim, existem algumas questões a respeito de onde os meninos vão tirar um senso positivo de masculinidade quando não tem ninguém em casa para dar isto. Mas se você tem uma família estável, então eles meninos podem ser bem-sucedidos".
Cortes nos gastos:
O candidato do Partido Trabalhista à Prefeitura de Londres, Ken Livingstone, sugeriu em entrevista à BBC que as medidas de austeridade do governo foram responsáveis pelos distúrbios. "Se você está fazendo grandes cortes, sempre há o potencial para este tipo de revolta", disse.
Mas, para a professora FitzGerald, é muito cedo para afirmar isto. "A total implementação dos cortes para os serviços de autoridades locais, que terá o maior impacto nestas áreas, só será sentida no próximo ano". "No entanto, pode ser que devido à tanta informação sobre a polícia cortando gastos, os causadores dos tumultos podem ter assimilado a mensagem de que a probabilidade de serem pegos é menor".
Pouco policiamento:
Em um editorial, o tabloide The Sun afirmou que é "loucura" o fato de canhões de água não terem sido disponibilizado para os policiais e que o Parlamento "não deve ser sensível" a respeito do uso de gás lacrimogêneo e munição não letal.
Também foi discutido o impacto das críticas ao policiamento dos protestos durante a reunião do G20 em Londres, em 2009. Alguns comentaristas sugeriram que os policiais podem ter medo de enfrentar os saqueadores diretamente temendo processos.
O professor David Wilson afirma que pode ter feito alguma diferença se os saqueadores tivessem encontrado um policiamento mais forte. "Vários saqueadores que foram entrevistados claramente gostavam do sentimento de poder. Eles foram estimulados a sentir que as cidades pertenciam a eles", disse. "Mas, não acho que isto está relacionado ao politicamente correto. O que tem caracterizado a Justiça britânica nos últimos 25 ou 30 anos é o grande número de jovens que mandamos para as prisões em comparação com nossos vizinhos europeus".
Racismo:
A violência começou no bairro londrino de Tottenham, no sábado, depois da morte de Mark Duggan, um negro de 29 anos, baleado pela polícia. Christina Patterson, do jornal The Independent, afirmou que a questão racial não pode ser negligenciada.
"Muitos homens negros foram mortos pela polícia. Muitos homens e mulheres foram tratados como criminosos quando não eram. Esta não é a causa destes distúrbios, mas está lá, na mistura".
Mas a professora FitzGerald afirma que as mortes nas mãos da polícia são muito raras. "Segundo relatórios do IPCC (comissão que supervisiona o trabalho policial) nos últimos três anos ocorreram apenas sete e todos elas foram de pessoas brancas".
"A Polícia Metropolitana passou por grandes mudanças de atitute (...). Dito isto, o uso desproporcional dos poderes de parada e busca em cidadãos levou jovens negros em particular, que normalmente obedecem à lei, a potenciais confrontos com a polícia", acrescentou.
Gangsta rap e cultura:
Escrevendo para o Daily Mirror, Paul Routledge culpou a "cultura perniciosa de ódio que cerca o rap, que glorifica violência e despreza a autoridade (especialmente a polícia, mas incluindo os pais), exalta o materialismo inútil e elogia as drogas".
Para o professor David Wilson está claro que a cultura das gangues é um fenômeno real. "Uma vez eu entrevistei um menino que disse que 'apenas porque eu gosto da música não significa que eu concordo com as letras', e isto é verdade", afirma a professora FitzGerald. "Mas pode ser um fator quando levamos em conta aqueles podem ser particularmente suscetíveis".
Consumismo:
"Estes são saques em shoppings, caracterizados pelas escolhas dos consumidores", afirmou Zoe Williams, do jornal The Guardian. "Isto é o que acontece quando as pessoas não têm nada, quando coisas que eles não podem pagar são constantemente esfregadas em suas caras e eles não tem razão para acreditar que serão capazes de comprar estas coisas algum dia", acrescentou.
A professora Marian FitzGerald afirma que, em estudos sobre crimes de rua, este é um fator a ser lembrado. "Mas, com os distúrbios recentes, eu não tenho certeza - no contexto dos saques, está relacionado com o que você pode fazer. Além de telefones celulares e roupas, também houve roubos de coisas pequenas como doces e latas de cerveja".
Oportunismo:
"Enquanto mais e mais pessoas se envolveram com os distúrbios, outros tentaram se juntar a eles, confiantes de que uma pessoa em um mar de centenas tem pouca probabilidade de ser pega ou responsabilizada", escreveu Carolina Bracken para o jornal The Irish Times.
"Oportunismo misturado com o sentimento de fazer parte de uma grande gangue poderão ter estimulado quem normalmente não faria algo assim", afirma a professra FitzGerald. "Também é significativo o sentimento de invulnerabilidade, pois eles fazem parte de algo tão grande. E também está ligado a isto o sentimento de fazer algo transgressivo e se sentir poderoso em uma cultura na qual eles não tem muito poder".
Tecnologia e redes sociais:
"Redes sociais e outros métodos foram usados para organizar estes níveis de ganância e criminalidade", afirmou Steve Kavanagh, da Polícia Metropolitana.
Para o professor David Wilson, este é um fenômeno pouco explorado. "Durante anos sabemos que gangues e hooligans usavam a tecnologia para se juntar e brigar. Acho que a polícia foi muito lenta para reagir a isto". "Mas, como sabemos, telefones celulares também podem ser usados para enfrentar a criminalidade e, até certo ponto, acho que é algo que a polícia prefere subestimar", acrescentou.


Fonte: Terra Notícias.



''A Câmara é uma casa de loucos'', diz Tiririca

Lula Marques/Folhapress
Tiririca (PR) na Câmara, sem bigode

Mônica Bergamo


Oito meses depois de assumir o mandato, o palhaço Tiririca já sabe responder o que faz um deputado federal: 'É uma pessoa que trabalha muito e produz muito pouco', diz. Isso porque a Câmara, na opinião dele, 'é uma fábrica de loucos. Uma fábrica de loucos'. Os parlamentares muitas vezes varam as madrugadas em discussões intermináveis em que 'ninguém escuta ninguém'. 'Um deputado fala e nenhum presta atenção nele. Outro dia mesmo tinha um fazendo um discurso superbacana, sobre educação. Outro pediu a palavra. E reclamou: 'Já pedimos para instalarem tomadas novas aqui e não instalaram'. É uma coisa de louco.'

Tiririca fica sempre calado em seu lugar, observando. 'Se eu fosse fazer uma comédia disso aqui, seria o maior sucesso. Mas eu nem posso. Porque faço parte daqui. E tem o decoro parlamentar.' Ele não dá as declarações em tom de crítica. Apenas constata os fatos. 'Tiririca tem razão. Mandou bem. Uma pessoa normal que assiste à sessão da Câmara pela primeira vez acha mesmo que é coisa de maluco', diz o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).


Fonte: Folha de São Paulo


Comentários: Enquanto isto, segue Brasil afora a enxurrada de denúncias de corrupções realizadas por políticos, magistrados, militares, etc. Como pode-se ver hoje (11/08/2011) na charge do dia do Blog do Magno, ainda que fosse possível alguém pedir para o "gênio da lâmpada" transformar todos os políticos do Brasil em honestos, o gênio responderia que " não pode fazer milagres"...

9 de ago. de 2011

POLÍCIA DETECTA CRESCIMENTO DOS MOVIMENTOS E CÉLULAS NEONAZISTAS NO BRASIL

Conforme a polícia gaúcha, há células neonazistas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além de outros locais investigados...

Uma briga envolvendo punks, skinheads e ao menos um neonazista no último sábado em um bar de Porto Alegre (RS) ligou o sinal de alerta da polícia para a atuação de grupos que pregam o ódio e a discriminação no Sul do País, inspirados pela ideologia de Adolf Hitler. Responsável pelo indiciamento de 35 neonazistas no Estado nos últimos dez anos, o delegado Paulo César Jardim, da 1ª DP, afirma que está "na gênese" do gaúcho a guarida para movimentos deste tipo.
"A origem do povo gaúcho é colonial e, além disso, a Argentina, que abrigou oficiais nazistas após a 2ª Guerra Mundial, está aqui do lado e preocupa. Para a consolidação dessa ideologia, deve existir um meio viável, caso do Rio Grande do Sul. O neonazismo é uma coisa que jamais vai acabar. É um sentimento, uma ideologia, e não se pode acabar com ideologias, mas evitar suas consequências e ações", acredita o delegado.
Segundo ele, na pancadaria do último sábado, que envolveu ao menos oito pessoas e deixou um homem negro esfaqueado, a motivação foi uma discussão entre punks e skinheads. Os envolvidos, porém, já possuem uma ficha criminal conhecida por crimes como agressão a homossexuais, judeus e negros, que configuram a ideologia nazista. "Eles seguem a ideia da instituição de uma raça pura através da eliminação dos que não se enquadram nela. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, os movimentos neonazistas escolheram pessoas que devem ser eliminadas por pertencerem a uma 'subespécie'", salientou Jardim.
Expansão neonazista:
O delegado Paulo Jardim, que se especializou em investigar como esses grupos atuam, viaja constantemente a São Paulo e troca informações com as polícias de outros Estados. Ele está preocupado com a expansão do movimento neonazista no País. "O desafio é conseguir abortar os ataques, como foi feito em 2010, quando foram desmontadas cinco células neonazistas. Apreendemos bombas, munição, e armas, e evitamos a explosão de uma sinagoga e um ataque na Parada Livre de Porto Alegre. As mesmas bombas que nós apreendemos aqui foram usadas em São Paulo, o que comprova a ligação material entre os grupos", disse ele.
"Estamos trabalhando para prender essas pessoas. A situação deles nos últimos anos está complicada e alguns vão responder, em júri popular, por tentativa de homicídio, formação de quadrilha e corrupção de menores", garantiu o delegado, que também investiga a ligação material entre os grupos, como fornecimento de dinheiro e armas entre os Estados.
Agressividade e humilhação:
No código de condutas de um neonazista, um dos requisitos é saber lutar e andar armado, estando sempre pronto para um combate. Além disso, eles costumam tatuar o corpo com diversos símbolos e desenhos que fazem apologia à doutrina de Hitler.
"Eles são de uma agressividade muito grande e seguem uma ideia de que não se deve apenas derrotar o inimigo, mas humilhá-lo, acabar com ele, impor o medo. O seu combustível é o ódio e eles já saem às ruas preparados para briga com soqueiras, facas e outros objetos cortantes. Se as pessoas identificá-los em algum local, é interessante sair de perto, pois eles são sinônimo de confusão", recomenda Jardim.
Histórico de agressões e apologia:
Em 2010, um grupo de defesa dos direitos dos travestis no Rio Grande do Sul recebeu ameaças por telefone de um suposto neonazista, que disse preparar uma ação na 14ª Parada Livre. Em edição anterior do evento, cartazes que pregavam a morte de homossexuais foram afixados no bairro Bom Fim, onde ocorre a passeata.
Em novembro do mesmo ano, policiais civis apreenderam material de apologia ao nazismo em uma residência no centro de Porto Alegre. Foram recolhidos fotografias, CDs, camisetas, distintivos, facas, uma soqueira e um laptop, mas ninguém foi preso. Em 2009, apreensões semelhantes ocorreram em Cachoeirinha, Viamão, Porto Alegre e duas cidades da serra gaúcha.
Em 2009, o casal Bernardo Dayrell e Renata Ferreira foram assassinados após uma festa neonazista no Paraná. O crime foi cometido na BR-116, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, e teve motivações de disputa entre o grupo neonazista liderado por Dayrell e Ricardo Barollo, apontado pela polícia como o mandante do duplo homicídio. Além dele, Jairo Maciel Fischer, Rodrigo Motta, Gustavo Wendler, Rosana Almeida e João Guilherme Correa foram acusados de participar no crime.
No dia do assassinato do casal, vários membros do grupo neonazista foram a uma festa em comemoração ao aniversário de Adolf Hitler em uma chácara de Quatro Barras. Conforme a lei 7.716, de 1989, "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo" prevê pena de até três anos de reclusão.
Fonte: Terra Notícias
Comentário: E depois eles (os adeptos do nazismo) ainda acham que nordestino é que é burro, raça inferior, otário, alienado, selvagem, de cultura inferior, etc...

8 de ago. de 2011

RETIRANDO DO BAÚ - 7: IRENA SENDLER, O ANJO DO GUETO DE VARSÓVIA...









Irena Sendler.
Nascimento 15 de fevereiro de 1910, Varsóvia, Congresso da Polónia, Império Russo, Morte 12 de maio de 2008 (98 anos), Varsóvia, Polónia, Nacionalidade Polonesa
Ocupação Ativista dos Direitos Humanos, enfermeira e assistente social.Irena Sendler [em polonês] Irena Sendlerowa apelido de solteira Krzyżanowska; (15 de fevereiro de 1910 - 12 de maio de 2008), também conhecida como "o anjo do Gueto de Varsóvia," foi uma ativista dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo contribuido para salvar mais de 2.500 vidas ao levar alimentos, roupas e medicamentos às pessoas barricadas no gueto, com risco da própria vida.
A Mãe das crianças do Holocausto“ A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade. - Irena Sendler ”
Quando a Alemanha Nazi invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de bem estar social de Varsóvia, que organizava os espaços de refeição comunitários da cidade. Ali trabalhou incansavelmente para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas, tanto judias como católicas. Graças a ela, esses locais não só proporcionavam comida para órfãos, anciãos e pobres como lhes entregavam roupas, medicamentos e dinheiro.
Em 1942, os nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus, Zegota. Ela mesma contou:
"Consegui, para mim e minha companheira Irena Schultz, identificações do gabinete sanitário, entre cujas tarefas estava a luta contra as doenças contagiosas. Mais tarde tive êxito ao conseguir passes para outras colaboradoras. Como os alemães invasores tinham medo de que ocorresse uma epidemia de tifo, permitiam que os polacos controlassem o recinto."
Quando Irena caminhava pelas ruas do gueto, levava uma braçadeira com a estrela de David, como sinal de solidariedade e para não chamar a atenção sobre si própria. Pôs-se rapidamente em contacto com famílias, a quem propôs levar os seus filhos para fora do gueto, mas não lhes podia dar garantias de êxito. Eram momentos extremamente difíceis, quando devia convencer os pais a que lhe entregassem os seus filhos e eles lhe perguntavam:
"Podes prometer-me que o meu filho viverá?". Disse Irena, "Que podia prometer, quando nem sequer sabia se conseguiriam sair do gueto?" A única certeza era a de que as crianças morreriam se permanecessem lá. Muitas mães e avós eram reticentes na entrega das crianças, algo absolutamente compreensível, mas que viria a se tornar fatal para elas. Algumas vezes, quando Irena ou as suas companheiras voltavam a visitar as famílias para tentar fazê-las mudar de opinião, verificavam que todos tinham sido levados para os campos da morte.
Ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto no Verão de 1942, conseguiu resgatar mais de 2.500 crianças por várias vias: começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo, mas logo se valia de todo o tipo de subterfúgios que servissem para os esconder: sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacas de batatas, caixões... nas suas mãos qualquer elemento transformava-se numa via de fuga.
Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos de paz e por isso não fica satisfeita só por manter com vida as crianças. Queria que um dia pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, a sua identidade, as suas histórias pessoais e as suas famílias. Concebeu então um arquivo no qual registava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades.
Os nazis souberam dessas actividades em 20 de Outubro de 1943. Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa de Jesus Misericordioso com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.
Existe uma árvore plantada no Yad Vashem em homenagem a Irena Sendler: Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Foi condenada à morte. Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, gritou-lhe em polaco "Corra!". No dia seguinte Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados. Os membros da Żegota tinham conseguido deter a execução de Irena subornando os alemães, e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.
Em 1944, durante o Levantamento de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os e entregou as notas ao doutor Adolfo Berman, o primeiro presidente do comité de salvação dos judeus sobreviventes. Lamentavelmente, a maior parte das famílias das crianças tinha sido morta nos campos de extermínio nazis.
De início, as crianças que não tinham família adoptiva foram cuidadas em diferentes orfanatos e, pouco a pouco, foram enviadas para a Palestina.
As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código "Jolanta". Mas anos depois, quando a sua fotografia saiu num jornal depois de ser premiada pelas suas acções humanitárias durante a guerra, um homem chamou-a por telefone e disse-lhe: "Lembro-me da sua cara. Foi você quem me tirou do gueto." E assim começou a receber muitas chamadas e reconhecimentos públicos.
Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel.
Em Novembro de 2003 o presidente da República Aleksander Kwaśniewski, concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polónia: a Ordem da Águia Branca. Irena foi acompanhada pelos seus familiares e por Elżbieta Ficowska, uma das crianças que salvou, que recordava como "a menina da colher de prata".
Proposta para o Nobel da Paz:
Irena Sendler foi apresentada como candidata para o prémio Nobel da Paz pelo Governo da Polónia. Esta iniciativa pertenceu ao presidente Lech Kaczyński e contou com o apoio oficial do Estado de Israel através do primeiro-ministro Ehud Olmert, e da Organização de Sobreviventes do Holocausto residentes em Israel.
As autoridades de Oświęcim (Auschwitz) expressaram o seu apoio a esta candidatura, já que consideraram que Irena Sendler era uma dos últimos heróis vivos da sua geração, e que tinha demonstrado uma força, uma convicção e um valor extraordinários frente a um mal de uma natureza extraordinária.
O prémio desse ano, no entanto, foi dado a Al Gore pela sua defesa do meio-ambiente.
Fonte: Wikipédia.

2 de ago. de 2011

UTILIDADES PÚBLICAS: CONCURSO (SELEÇÃO SIMPLIFICADA) PARA AGENTE DE PESQUISA E MAPEAMENTO DO IBGE

Estã abertas as inscrições para contratação temporária (período de 2 anos) de agente de pesquisa e mapeamento do IBGE em todo Brasil, um cargo de ampla concorrência que basta apenas ter nível médio. Os interessados podem entrar no site da Consulplan (www.consulplan.net) para obter o edital e maiores informações. Em PE estão disponíveis 224 vagas. O salário é de R$: 850,00 mais auxílio alimentação, auxílio-transporte, férias e 13° salário.