CIÊNCIAS SOCIAIS

CIÊNCIAS SOCIAIS

27 de mai. de 2012

A HISTÓRIA DAS COISAS...




ENTREVISTA COM STEPHEN GLIESMAN-A AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

Felippi, Ângela – Jornalista da EMATER/RS

Os conceitos da Agroecologia podem ser aplicados em qualquer sistema e escala de produção. É o que pensa o professor e pesquisador da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, Stephen Gliessman, que há 25 anos trabalha nessa área. Ele esteve no Rio Grande do Sul em junho, falando para estudantes e técnicos sobre Agroecologia e agricultura sustentável. Ele veio a convite da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento, através da EMATER/RS, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, que editaram o livro Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável, lançado por Gliessman aqui.

Com formação em Botânica, Biologia e Ecologia de Plantas pela Universidade da Califórnia, Gliessman se dedica ao ensino, à pesquisa e a experiência de produção agroecológicas. Seus trabalhos internacionais vão da agricultura tropical à temperada, dos sistemas de pequenas à grandes propriedades rurais, do manejo agrícola tradicional ao convencional. É diretor-fundador do Programa de Agroecologia da Universidade da Califórnia, um dos primeiros programas de Agroecologia formais do mundo. Atualmente, ocupa a cátedra Alfred Heller de Agroecologia, no Departamento de Estudos Ambientais.

Na sua passagem por Porto Alegre, falou à Revista de Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável.

Revista - O que o senhor tratou nas palestras que fez no RS?

Gliessman - O que tenho tratado é o que é Agroecologia, como a Agroecologia se oferece como alternativa aos problemas que observamos na agricultura convencional, na agricultura moderna, que necessitamos voltar a incorporar dentro dos agroecossistemas todo um conhecimento ecológico de desenho, de manejo que tomem conta de como manter dentro dos agroecossistemas toda a complexidade de interações de componentes necessários para sustentar esses sistemas através do tempo e, ao mesmo tempo, seguir produzindo o que necessitamos. A agricultura moderna, num certo grau, perdeu sua base ecológica. A Agroecologia está nos oferecendo uma forma de reintroduzir as bases ecológicas.

R - O que seria Agroecologia?

G - Eu sempre começo dizendo que a Agroecologia é a aplicação dos conceitos e princípios ecológicos no desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis.

R - E agricultura sustentável?

G - É uma agricultura que protege a base de recursos naturais e permite uma economia viável e também propõe um aspecto social justo e aberto a todos que fazem parte da sociedade.

R - A agricultura convencional, dita moderna, não é sustentável?

G - Não, não é. Na realidade há muitos indicadores de sua falta de sustentabilidade: o custo excessivo dos insumos, o impacto negativo que tem sobre o meio ambiente, o baixo ingresso econômico que produz e também todo o impacto que tem havido sobre o setor agrícola sob o aspecto do campo.

R - É possível tornar a agricultura sustentável?

G – Sim, porque um aspecto da Agroecologia é restaurar a capacidade produtiva dos agroecossistemas, e da mesma forma que a natureza sempre está se renovando, renovando sua capacidade produtiva, podemos fazer o mesmo com os agroecossistemas.

R - Uma das principais críticas feitas à Agroecologia é de que não seria possível produzir alimentos para todos se a produção for ecológica. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

G - Há duas formas de contestar essa crítica. Por um lado, pode-se perguntar se a agricultura convencional está produzindo alimentos suficientes para todos. Há muita fome no mundo. Por outro, a Agroecologia é realidade. Segundo os conhecimentos que estão se desenvolvendo, mostra-se que se pode produzir mais em menos áreas com o enfoque agroecológico do que pelo enfoque convencional, porque esse último sempre vai para o lado de produzir um só cultivo por área. Já a Agroecologia trata de produzir múltiplos cultivos na mesma área, através de associações, rotações, combinações de cultivos que permitem uma maior produção por unidade/área. Tem que se pensar mais para o futuro. Sabemos que os agroecossistemas sempre, quando estão estabelecidos com bases sustentáveis, vão seguir produzindo, ano após ano, e não vão perder sua capacidade produtiva.

R - Há áreas no mundo cultivadas de forma agroecológica há muitos anos mantendo a produtividade?

G - Eu estou convencido que isso é possível. Quando entramos num processo de conversão dos sistemas convencionais aos sistemas agroecológicos, o enfoque é como manter a produtividade, a capacidade produtiva através do tempo. O enfoque não é mais o de produzir, de aumentar a produção. Esse é exatamente o problema, quando consideramos que forçamos o sistema por meio de alterações de sua base ecológica, dependência de insumos, uso de pesticidas e fertilizantes químicos. Estamos forçando o sistema a produzir mais que sua capacidade produtiva a longo prazo. Pode ser que no momento consigamos aumentar a produção, mas estamos sacrificando sua capacidade produtiva. Então, com um enfoque sobre quais são os componentes necessários num agroecossistemas para manter a produtividade, vamos produzir e ao mesmo tempo manter a capacidade produtiva e a qualidade do alimento e a quantidade do alimento vai ser melhor ao longo do tempo. Para mudar temos que estar conscientes de que cada ecossistema tem certa capacidade de produção. Da mesma forma quando falamos da produção animal.

Outra questão é que há muitas áreas agrícolas que utilizamos para produzir alimentos consumidos diretamente pelo ser humano, como por exemplo o café. Todos consumimos café, mas na realidade não é um alimento. Outro exemplo é alimento para animais. Ocupa muita área. Concentramos os animais e produzimos alimentos e damos os alimentos aos animais. Há outras formas de produzir animais sem concentrar a produção em uma área tão concentrada como estamos fazendo. Podemos converter essas áreas numa produção diversificada, que pode incluir alimentos para animais e também alimentos para consumo humano.

R - Os princípios da Agroecologia também dão base para o trabalho com a pecuária?

G - Esse é um aspecto interessante da Agroecologia. Temos separado a produção animal completamente da produção de alimentos, enquanto nos ecossistemas naturais sempre estão integrados. Em muitos ecossistemas tradicionais, locais, indígenas, encontramos animais e plantas bem integrados. Temos que voltar a integrar esses dois para não utilizar áreas tão grandes para produzir para os animais, se eles estão integrados nos processos ecológicos.

R - Aonde a Agroecologia foi buscar seus princípios?

G - De uma resposta à busca do entendimento de como funciona a natureza, os sistemas naturais, da Ecologia - uma ciência que oferece muitos conhecimentos, metodologias de entendimentos de como funciona a natureza, de como a natureza se manteve depois de tanto tempo e como se adapta às mudanças com o tempo também. Trouxemos esses conhecimentos para a agricultura. Primeiro, os observamos dentro dos agroecossistemas tradicionais, nos locais indígenas, que têm uma larga história de funcionamento sem dependência de insumos externos. Dentro desses sistemas há muitos elementos importantes que têm servido para estabelecer as bases da Agroecologia. Finalmente, estamos vendo que muitos agricultores modernos, convencionais, estão decidindo mudar seus sistemas de produção, estão diversificando outra vez, estão reintroduzindo o manejo agroecológico. Eles estão respondendo às várias demandas do consumidor por produto limpo, ecológico, orgânico, conhecendo os danos que a agricultura tradicional está causando ao meio ambiente e a pouca viabilidade econômica do sistema, especialmente para o pequeno e médio produtor. E que na Agroecologia se encontra uma alternativa à agricultura tradicional. Isso está produzindo uma demanda de conhecimentos agroecológicos, que irão ajudar nesse processo de transição, e nós temos trabalhado com esses produtores, participando com eles em suas propriedades nesse processo de conversão para entender qual são os processos ecológicos necessários para, com o tempo, restaurar a capacidade produtiva do sistema.

R - Em que locais o senhor tem acompanhado experiências em Agroecologia?

G - Por todo mundo. No entanto, o local onde posso passar mais tempo e que conheço um pouco mais é a Califórnia. Lá, há um grande número de agricultores que fizeram a transição agroecológica e também há grupos de consumidores muito informados e convencidos da necessidade de fazer essa conversão também. Então, os consumidores buscam produtos específicos e isso ajuda muito no processo de transição. Porque se não há um incentivo econômico, não acontece nada mais.

Eu tenho visto também experiências no México, na Espanha, nos países latino-americanos, na China, em partes da Europa. Todos têm desenvolvido conhecimentos e têm o entendimento sobre a necessidade de mudança.

R - Há algum lugar que desponta na produção agroecológica?

G - Está se desenvolvendo em várias partes do mundo. Não é mais uma característica de um lugar ou de um grupo de pessoas, mas está crescendo por todos os lados. Agora, o mundo está tão conectado, as linhas de comunicação estão tão abertas e rápidas e os sistemas de economia, com a globalização e o crescimento dos mercados mundiais, todos são afetados ao mesmo tempo e todos estão mais conscientes da necessidade de mudança.

Temos que recordar que a Agroecologia não é uma prática, não é uma técnica, é um conceito, uma forma de ver como funcionam os sistemas, como determinamos se têm sustentabilidade e como conectamos o conhecimento ecológico com o conhecimento econômico e social para que se juntem todos os elementos do que é um agroecossistema – que nada mais é do que o solo, a água, as matas, os animais e também nós, partes dos sistemas. Outro aspecto importante é que a Agroecologia nos dá uma forma de ver como o ser humano é um aspecto integrado ao sistema. A agricultura convencional ou moderna tem isolado as pessoas da agricultura, quando na realidade, como diz a palavra agricultura – há cultura nesse sistema – temos que voltar a incorporar as pessoas. Também temos visto em muitas partes do mundo pessoas que pensam que a agricultura não é um caminho viável para o futuro e saem do campo indo para a cidade em busca de outras formas de viver. Na realidade, a agricultura forma a base principal da vida e da sociedade humana.

O consumidor e o produtor estão tão separados que o consumidor não dá conta do impacto das compras que faz, da forma que compra, do tipo de alimento que compra e do que paga - que uma porcentagem pequena chega ao produtor. A maior parte fica com o intermediário. Mas temos visto também que os dois lados, consumidores e produtores, estão encontrando formas de reduzir essas distâncias, para que uma porcentagem maior do que paga o consumidor chegue ao produtor e o produtor gaste menos tratando de vender e receba mais pela sua força de trabalho. Através das feiras diretas de produtores a consumidores, tem se conseguido isso. Na Califórnia, por exemplo, existe todo um sistema para vender numa feira de produtores. O agricultor tem que ser produtor do alimento que está vendendo. E isso é independente se é ecológico ou convencional. E o consumidor, consciente de que o que é oferecido é produto do agricultor, pode questionar sobre a qualidade, a variedade, a forma de produção. Então, tem-se novamente uma relação pessoal, importante no processo de produção, que dá todo o sentido diferente ao produtor, porque há contato pessoal com o consumidor, propicia até um orgulho do produtor em fazer o que faz. Esse é um enfoque bem importante agora, sob o ponto de vista da mudança que está havendo. Conseqüentemente, o consumidor está mais informado sobre o meio ambiente, a qualidade do alimento, alternativas de produção, quer e busca produtos orgânicos ou ecológicos. E a única forma de converter o sistema de produção para esse tipo de produto é por meio de uma transição agroecológica.

R - Essa consciência do consumidor existe só nos Estados Unidos ou também em outros locais?

G - Eu estou vendo por todos os lugares. Inclusive aqui em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Eu vi uma mudança de cinco anos para cá, quando vim numa conferência, na qual falamos da sustentabilidade e da Agroecologia e do início do processo de transição. E agora há experiências em muitas partes do Rio Grande do Sul e muito mais produtores participando e muito mais conhecimento por parte do consumidor da necessidade desse tipo de transição.

R - Atualmente, no RS, existe uma política pública de estímulo à Agroecologia...

G - Isso demonstra a necessidade de um apoio político, mas também há necessidade de informar o setor político da importância da Agroecologia para que sigam apoiando. É uma posição política, mas é também uma posição econômica, ecológica e social.

R - O senhor visitou experiências de Agroecologia no RS?

G - Tive a oportunidade de visitar a propriedade de agricultores que têm feito a mudança em suas práticas, que têm encontrado tecnologias e metodologias de produção que estão funcionando, que estão colhendo bem e estão vendendo os produtos. Eles têm energia, motivação para seguir fazendo e ensinar outros como fazer. Esse é um processo único de desenvolvimento, de confiança no que está fazendo. Para mim, são exemplos muito bonitos de produção em nível de produtor. Sempre há resistência às mudanças, é difícil estimular, promover as mudanças. É um processo de convencimento e hoje existe menos resistência e muito mais aceitação da Agroecologia como uma alternativa com boas possibilidades de aplicação no campo agrícola

R - Como é promover a aplicação dos conceitos e princípios da Agroecologia num país como os Estados Unidos, local de excelência da agricultura moderna? Parece contraditório, não?

G - Sim, nós temos nos dado conta dos problemas que temos com a agricultura convencional. Aí está, como se pode ver, que os mesmos problemas que se encontram por todo o mundo estão presentes na agricultura convencional e moderna dos Estados Unidos. Isso é o que chamou a atenção e tem permitido o desenvolvimento da Agroecologia, como uma alternativa.

R - Quantos agricultores ecológicos existem nos Estados Unidos?

G - O número eu não sei, mas sabe-se que à cada ano - dos últimos oito ou nove anos para cá - têm havido um crescimento de 20% na produção de orgânicos. Também tem aumentado a unidade/área de produção. O setor agrícola convencional não tem crescido isso por ano.

R - Qual sua postura em relação aos transgênicos?

G – Primeiro, eu vejo os transgênicos como um insumo a mais que o produtor tem que comprar. Sob o ponto de vista econômico, vai desenvolver maior dependência do produtor. A Agroecologia está tratando de buscar formas de reduzir essa dependência econômica. Comprando os transgênicos, os produtores vão estar sempre dependentes desses produtos. Enquanto [tradicionalmente] eles próprios cultivam as sementes que produzem ao longo do tempo, com os transgênicos vêm as sementes através de um pacote de insumos – adubos químicos, agrotóxicos, todos juntos, às vezes, até mais. E, independente do perigo que podem ter alguns dos trangênicos do ponto de vista da contaminação da biodiversidade, da genética local, da transposição de informações genéticas dos transgênicos para ervas, ou enfermidades, há muitos e muitos riscos, em certos casos comprovados e em outros não. Os transgênicos, dentro do agroecossistema moderno, implicam que o desenho do sistema não está mudando. E quando eu falo desenho, estou falando em aspectos ecológicos, de processos ecológicos dentro do sistema que o mantém através do tempo. Se não mudamos a organização ecológica dentro do agroecossistema e introduzimos os transgênicos, os problemas vão seguir sendo problemas, vai haver seleção e resistência aos problemas com os transgênicos. Estamos falando nos agroecossistemas num redesenho completo dos sistemas, numa reorganização, onde reintroduzimos no sistema a complexidade de relações, de interações, de interdependência no próprio sistema para reestabelecer outra vez o bom funcionamento do aspecto ecológico, que é a base complementar da sustentabilidade. Os transgênicos são mais do mesmo, na realidade.

R - O senhor acha que nesta briga entre grandes empresas e ecologistas, pequenos agricultores, há alguma chance de reverter esse quadro?

G - Sim, existe. Os conceitos da Agroecologia podem ser aplicados em qualquer sistema e escala de produção. É bem importante que apliquemos a análise de sustentabilidade aos grandes e aos pequenos produtores para demostrar onde estão os problemas e para produzir evidências e tudo o que vai nos ajudar no redesenho dos sistemas. E quando falo em redesenho, pode ser mudanças nas práticas e também pode ser uma reorganização social. Um agroecossistema está bem desenhado se tem flexibilidade, resistência, capacidade de manter-se através do tempo, o que implica em introdução de espécies, rotação de cultivos, muitas coisas diferentes que permite que o sistema resista aos problemas.

R - O senhor tem acompanhado alguma grande propriedade que seja ecológica?

G - Vemos nos Estados Unidos que, por um lado, pela demanda de mercado que existe para esses produtos, muitos grandes produtores estão bem interessados em entrar. Por outro lado, graças à pesquisa em Agroecologia, em agricultura orgânica, já estamos tendo – na Califórnia, especialmente – a entrada de grandes produtores na produção orgânica. Estão destinando áreas grandes ao manejo ecológico. Mas têm seus problemas, porque muitos deles se interessam em responder mais ao mercado do que a outros aspectos da Agroecologia. Estão se dedicando a monocultivos de orgânicos, e em monocultivos orgânicos, assim como em convencionais, sob a perspectiva ecológica, falta muito equilíbrio e são muito difíceis de se manter. Grandes monocultivos, sejam convencionais ou orgânicos, vão ter problemas. Os grandes monocultivos orgânicos que existem estão se mantendo com muita dependência de insumos, são muito caros, às vezes mais que os convencionais. Então, vai se chegar um momento em que vamos ter a escala, o tamanho ideal para o manejo dos agroecossistemas.

R - O senhor poderia falar um pouco do seu livro...

G - Para mim, é um grande prazer ver meu livro editado em português. Estou contente com a forma como foi publicado. Gosto mais da apresentação do livro em português que em inglês. Também, tendo o livro em outros idiomas, estou vendo que há muito mais interesse, muitas possibilidades para que a Agroecologia siga se ampliando. Não é um conceito que tem aplicações em um lugar, tem aplicações em mais lugares. Observando o livro em mais idiomas, convenço-me que estamos no caminho desse processo de mudança.

O livro é para ensinar Agroecologia. Ensinar alunos, técnicos, agricultores, muita gente diferente. Depois de 25 anos ensinando Agroecologia, cada vez que ensino, observo o impacto que tem sobre o aluno. Então, sempre quis fazer um livro para levar a outros, para que eles façam o mesmo, e não só para os estudantes da universidade, mas a qualquer pessoa que está dentro desse sistema agrícola, inclusive para os que estão como consumidores. Há muito que aprender sobre o porquê dessa forma de agricultura, dos problemas da agricultura moderna, quais são as alternativas, quais são os conceitos ecológicos, porque também queremos um consumidor informado para ajudar nesse processo de transição.

R - O senhor é também um agricultor...

G - Sim. Eu e meu irmão estamos tratando de demonstrar que podemos fazer o que falamos. Plantamos uvas e azeitonas. Esse ano é o primeiro de colheita de uva, e vai bem. Estamos trabalhando em nível familiar aplicando todos os conceitos. A propriedade tem 10 hectares e cultivamos em dois porque temos pouco tempo, mas aos poucos iremos ampliar.

R - E a safra vai ser boa?

G - Sim.

Texto-legenda:

- Agricultura sustentável é uma agricultura que protege a base de recursos naturais, permite uma economia viável e propõe um aspecto social justo e aberto a todos que fazem parte da sociedade.

- A Agroecologia nos dá uma forma de ver como o ser humano é um aspecto integrado ao sistema. A agricultura convencional ou moderna tem isolado as pessoas da agricultura.

- Agroecologia é a aplicação dos conceitos e princípios ecológicos no desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis. Um agroecossistema está bem desenhado se tem flexibilidade, resistência, capacidade de manter-se através do tempo, o que implica em introdução de espécies, rotação de cultivos, muitas coisas diferentes que permite que o sistema resista aos problemas.

Fonte: http://www.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/n3/03-entrevista.htm, in 27/05/2012

Marcha Das Vadias - Recife 2011

18 de mai. de 2012

QUEBRANDO PARADIGMAS...


Ministra francesa usa calça jeans em reunião e causa polêmica
18 de maio de 2012  10h27  atualizado às 11h22

A ministra da Habitação, Cecile Duflot, usou uma calça jeans e era a única com trajes informais na reunião. Foto: AP
A ministra da Habitação, Cecile Duflot, usou uma calça jeans e era a única com trajes informais na reunião
Foto: AP
A ministra francesa da Habitação causou polêmica ao aparecer de jeans na primeira reunião do novo governo, enquanto seus colegas usavam vestidos e ternos numa cerimônia elegante no Palácio do Eliseu, em Paris. Cecile Duflot, 37 anos, dirigente do Partido Verde, era a única com trajes informais na estreia do governo de François Hollande, na quinta-feira, enquanto vários dos seus 33 colegas não pouparam esforços para ficar elegantes.
A inflamada direitista Nadine Morano, que foi ministra no governo anterior, queixou-se pelo Twitter. "Pessoalmente falando, quando se é uma representante do povo francês você precisa distinguir entre as roupas para uma reunião do gabinete e a moda diletante do fim de semana", escreveu ela.
Duflot, que foi também a única integrante do gabinete a ir e voltar da reunião em transporte público, recebeu um apoio com ressalvas da ministra da Saúde, Roselyne Bachelot, também pelo Twitter. "Francamente, se o jeans de Duflot for fabricado na França, ela fez bem em vesti-lo na reunião do gabinete".

Fonte: Terra Notícias

PARTIDO PIRATA...


Partido Pirata busca expansão mundial após sucesso na Alemanha
18 de maio de 2012  09h26

Rickard Falkvinge está orgulhoso. De máquina fotográfica na mão e com o pin do Partido Pirata ao peito, o engenheiro de computação sueco documenta mais uma vitória do movimento que fundou. Os piratas estão crescendo mais rapidamente do que ele esperava.
"É como se fosse um bebê", diz. "Quando o bebê é pequeno, temos uma série de expectativas. Mas à medida que ele vai ficando mais velho, ele não cresce da forma que tínhamos planejado. Ainda assim, sentimos amor e orgulho."
O Partido Pirata alemão recebeu no domingo passado 7,8% dos votos nas eleições do estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália. Assim, pode enviar pela primeira vez deputados para a assembleia legislativa estadual. Falkvinge diz estar "cheio de orgulho" com o resultado. Os piratas festejaram a vitória com as bandeiras cor de laranja do partido, espadas feitas com balões e muito ruído.
É na Alemanha que o movimento tem alcançado algumas das suas mais importantes vitórias: os piratas alemães já conquistaram assentos em quatro assembleias estaduais e, de acordo com as sondagens, deverão entrar no Bundestag (câmara baixa do Parlamento) em 2013. Desde a criação do primeiro Partido Pirata, em 2006 na Suécia, os piratas já conseguiram enviar dois deputados para o Parlamento Europeu. O movimento já está presente em cerca de 60 países, nos vários continentes.
Próxima parada: América do Sul
"Este é um movimento mundial e estamos somente começando", diz Gregory Engels, co-presidente do Partido Pirata Internacional, uma organização que coordena 29 partidos em todo o mundo. Segundo ele, aumentar a presença na América do Sul, bem como na África e na Ásia, é um dos próximos objetivos.

No Brasil, o movimento pirata existe desde o final de 2007. Mas só este mês deverá reunir as assinaturas necessárias e oficializar-se como partido político, já de olho nas eleições de 2014. Na sua página online, o movimento diz querer apresentar ao povo brasileiro uma "nova maneira de se fazer política".
Falkvinge diz que o Partido Pirata tem muito para oferecer na América do Sul, onde o processo de democratização é relativamente recente. "Muitas das antigas práticas de corrupção permanecem debaixo da superfície e penso que as nossas ideias podem trazer alguma coisa para esta e para a próxima geração quanto à questão da transparência".
Origens do crescimento
Os analistas políticos utilizam a expressão "início fulminante" para descrever a ascensão do movimento pirata. Os piratas querem ser um movimento de resposta às alterações trazidas pelo mundo digital. Eles questionam o atual conceito de propriedade intelectual, defendem mais liberdade na Internet e transparência absoluta nas decisões políticas. "Respondemos a questões que os outros partidos nem sequer sabem que têm de ser colocadas", resume Falkvinge.

Os críticos dizem que o programa do partido tem falhas: na Alemanha, os piratas têm sido apelidados de utópicos (o partido defende, por exemplo, transporte público grátis para todos) e têm sido acusados de não oferecerem respostas para questões como a presença militar alemã no Afeganistão ou a crise da dívida na zona do euro.
Ainda assim, os piratas conquistaram os eleitores. De acordo com o alemão Michael Lühmann, cientista político do Instituto de Göttingen para a Pesquisa sobre a Democracia, os piratas vieram "responder às preocupações dos cidadãos" na sequência de um descontentamento geral com a forma como se faz política. O voto no Partido Pirata, diz, é principalmente um voto de protesto.
O grande salto na popularidade dos piratas deu-se em 2011, um ano de vários protestos em todo o mundo. Milhares de manifestantes do movimento Occupy acamparam em Nova York, Frankfurt, Londres e em muitas outras cidades mundiais para protestar contra a injustiça social, a corrupção e a forma como os governos no mundo responderam à crise financeira.
Na capital espanhola, Madri, os "indignados" também foram às ruas pedir uma "democracia real", em que todos os cidadãos sejam ouvidos e não apenas as grandes empresas ou bancos. O ano de 2011 foi também o da Primavera Árabe, em que as revoltas populares destronaram líderes políticos que estavam há décadas no poder
A oposição dos piratas a projetos como o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Act), um tratado internacional que teria como objetivo uniformizar medidas para o combate à pirataria de filmes e de música, contribuiu também para que o movimento crescesse exponencialmente.
Depois do sucesso inicial
Lühmann adverte para os perigos de um crescimento tão rápido quanto maior for a ascensão do Partido Pirata, maior poderá ser a queda, diz. O fundador Falkvinge diz que o partido não pode tomar como garantia de sucesso as sucessivas vitórias dos últimos tempos. Será que o seu bebê está dando um passo maior do que a perna?

"Estamos sem dúvida a crescer mais rápido do que a nossa estrutura consegue suportar neste momento", reconhece. "Isso poderá ser um problema, mas, simultaneamente, há bastante entusiasmo e muita vontade de mudar o mundo para melhor."
Falkvinge diz que depois da eleição surge também o problema da reeleição, um dos desafios do movimento: "Ser reeleito é um jogo completamente diferente".
E nisso os piratas poderão estar em vantagem relativamente a outros grupos políticos. Numa entrevista em abril deste ano, Falkvinge associou a estratégia política à estratégia nos jogos e disse em tom meio descontraído: "Nós, piratas, jogamos muitos videogames".
Deutsche Welle
Deutsche Welle - 
Fonte: Terra Notícias
Comentário: No Brasil o Partido Pirata está em fase de legalização.
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ESTÁ COM FOME? COM CERTEZA OS BANQUEIROS NÃO ESTÃO...


"Fome? Coma um banqueiro", dizem manifestantes em Frankfurt
18 de maio de 2012  07h36  atualizado às 08h06


Policiais tentam dispersar os manifestantes do Blockupy que protestaram na cidade de Frankfurt. Foto: AFP
Policiais tentam dispersar os manifestantes do "Blockupy" que protestaram na cidade de Frankfurt
Foto: AFP
A polícia alemã dispersou nesta sexta-feira manifestantes anticapitalismo reunidos do lado de fora do arranha-céu de Frankfurt que é a sede do Goldman Sachs', na capital financeira da Alemanha.
O protesto faz parte de uma manifestação de quatro dias chamada "Blockupy", que vai até sábado, contra o capitalismo e as medidas de austeridade implantadas para combater a crise na zona do euro.
"Fome? Coma um banqueiro", dizia um cartaz dos manifestantes do lado de fora do edifício Messeturm, onde ficam os escritórios do Goldman Sachs. O escritório da Reuters em Frankfurt fica no mesmo prédio.
A polícia fechou a rua do lado de fora do Messeturm - uma via principal de Frankfurt - e enviou policiais para o local. O número de policiais era muito maior que os cerca de 50 manifestantes, que foram detidos. Não houve violência.
A polícia informou que outros 40 manifestantes foram detidos em outros pontos de Frankfurt. Os manifestantes acusam os governos de países europeus de causar sofrimento a seu povo com suas medidas de resposta à crise, que se intensificou depois de uma eleição inconclusiva na Grécia este mês que aumentou as incertezas sobre o futuro da zona do euro.
O protesto desta sexta aconteceu após uma discussão jurídica entre os manifestantes e as autoridades sobre a legalidade das manifestações. Um tribunal autorizou na segunda-feira a realização de protestos na quarta-feira e no sábado, mas apenas nessas dias.
Na quinta, a polícia prendeu 150 pessoas que desafiaram a proibição a protestos. Na quarta, manifestantes foram removidos pacificamente do lado de fora da sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt.
O BCE não informou sobre qualquer problema nesta sexta e os bancos comerciais, muitos dos quais com planos de contingência para lidar com os protestos, disseram que estavam operando normalmente.
Fonte: Terra Notícias

6 de mai. de 2012

VITÓRIA DE FRANÇOIS HOLLANDE PARA PRESIDENTE NA FRANÇA


Com champagne, multidão festeja vitória de Hollande em Paris 
06 de maio de 2012  19h11  atualizado às 19h28


Eleitora do Partido Socialista ergue uma rosa durante a comemoração pela vitória de Hollande na Bastilha. Foto: AFP
Eleitora do Partido Socialista ergue uma rosa durante a comemoração pela vitória de Hollande na Bastilha
Foto: AFP
LÚCIA MÜZELL
Direto de Paris
As ruas centrais da capital francesa foram invadidas por uma multidão de militantes e simpatizantes do Partido Socialista para comemorar a vitória do François Hollande nas eleições presidenciais da França deste domingo. Regada a champagne, a festa não tem hora para acabar na praça da Bastilha, onde os militantes esperam a chegada de Hollande, o primeiro socialista a presidir o país nos últimos 17 anos.
A concentração começou na Rue Solférino, próxima à Assembleia Nacional e onde fica a sede do Partido Socialista. Com rosas e balões coloridos nas mãos, jovens, idosos, crianças e famílias inteiras esperavam o resultado das pesquisas de boca de urna. Alegre e ansiosa, uma massa humana multicultural, formada por brancos, negros, loiros, pardos, asiáticos e árabes aumentava a cada segundo na medida em que o relógio se aproximava das 20h (15h em Brasília), horário em que tradicionalmente as emissoras de televisão exibem o rosto do novo presidente. Quando os cronômetros marcavam 19h59min40s, a dezenas de milhares de pessoas iniciaram uma contagem regressiva até visualizar a imagem do socialista - Hollande venceu.
"Nós ganhamos! Nós ganhamos!", foi a frase escolhida para festejar, por longos minutos, enquanto as champagnes eram estouradas e despejadas sobre os militantes. Um pouco mais de "François presidente! François presidente!", e chegou a hora de comemorar também o fim do governo Sarkozy. "Sarkozy, c'est fini! Sarkozy, 'c'est fini!" (Sarkozy acabou).
Muitos filmavam, fotografavam e não desgrudavam dos telefones, transmitindo ao vivo o clima da comemoração nas redes sociais. O momento mais emocionante foi quando a multidão cantou a Marselhesa, o hino da França, com o vigor e a euforia de quem acabara de vencer uma Copa do Mundo.
Desconhecidos se abraçaram; os mais entusiastas, choraram. "Choro porque faz cinco anos que eu me sinto perseguida, humilhada. Esta não era a França", desabafou a estudante Zoha Abhetan, de origem marroquina, que vive desde os 6 anos no país. Uma das marcas do governo do conservador era o cerco à imigração, tanto ilegal quanto legal, e a relação delicada que mantinha com os franceses de origem magrebina, a região do norte da África colonizada pela França no século XIX.
Com o filho de 3 anos sobre os ombros, o engenheiro Claude Lepont concorda. "Fiz questão de trazer os meus filhos para eles verem desde cedo que existe outra França, mais humanista, mais solidária. Tenho muita esperança nesta mudança de governo", comentou.
"Felizmente, os franceses são menos estúpidos que eu estava imaginando. Depois da altíssima votação da extrema direita no primeiro turno, eu tinha ficado muito decepcionada", afirmou outra estudante, Céline J., com corações desenhados nas bochechas. "É para homenagear a mensagem política de Hollande, uma mensagem de união, de amor", explicou.
Minutos depois do anúncio da vitória, os militantes começaram a marchar pela cidade rumo à praça da Bastilha, onde a festa continuou. Pelo menos 100 mil pessoas se concentram no local e, enquanto aguardam o novo presidente, se divertem com shows de diversos artistas franceses que apoiaram a campanha socialista, como Yannick Noah. O local da festa da vitória não foi escolhido à toa: a Queda da Bastilha marcou o início da Revolução Francesa, em 1789.
Depois de ganhar o primeiro turno com 28,6% dos votos, François Hollande confirmou a vitória nas urnas neste domingo, com 51,7% das cédulas. Ele deve assumir o cargo na semana que vem, no dia 15 de maio.



François Hollande acena para seus apoiadores antes do discurso da vitória pronunciado na cidade de Tulle. Foto: AFP
François Hollande acena para seus apoiadores antes do discurso da vitória pronunciado na cidade de Tulle
Foto: AFP
O virtual presidente eleito da França, François Hollande, abriu o seu primeiro discurso após as eleições presidenciais deste domingo dizendo que os franceses "optaram pela mudança" ao escolhê-lo. O socialista declarou oficialmente sua vitória diante de multidão localizada em uma praça na cidade de Tulle, seu reduto eleitoral, no centro do país.
Hollande afirmou que estava ciente das responsabilidades que o seu governo terá por representar a mudança. "A mudança que eu proponho deve estar à altura da França. Ela começa agora", disse, acrescentando que estava "profundamente agradecido" a todos que votaram nele.
Logo depois, vaias foram ouvidas quando ele estendeu seus cumprimentos ao atual presidente e candidato derrotado, Nicolas Sarkozy. As pesquisas de opinião apontam que Hollande venceu as eleições com 52% dos votos, contra 48% de Sarkozy.
Se dirigindo aos eleitores que não votaram nele, Hollande disse que vai respeitar os seus sentimentos e que será o presidente de todos os franceses. "Nenhum dos filhos da República será deixado de lado. Todos na França serão tratados com igualdade", afirmou.
Ele acrescentou que "a redução do déficit, a preservação de nosso modelo social para garantir a todos o mesmo acesso aos serviços públicos e a igualdade entre territórios" serão outras prioridades de seu mandato, além da educação, do meio ambiente e das políticas específicas para a juventude. "Cada decisão será tomada sobre estes dois critérios: É justo? É para a juventude?", afirmou Hollande.
Hollande salientou o fato de que toda a Europa estava de olho nas eleições francesas e afirmou que o resultado na França trouxe alívio para diversas regiões do continente. "Na hora em que o resultado foi anunciado, tive a certeza que em diversos países europeus houve um sentimento de alívio e de esperança, de que, por fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade", se referindo a política de resposta à crise europeia e da qual é opositor. Entre suas prioridades disse que estará a de impulsionar uma "reorientação da Europa rumo ao emprego, o futuro e o crescimento".
Hollande ressaltou ainda que transmitirá "o mais rápido possível" a seus parceiros europeus, e em primeiro lugar à Alemanha, "em nome da amizade que nos une", sua política de aposta em medidas que impulsionem o crescimento. "Não somos um país qualquer do planeta, somos a França", destacou perante o apoio de seus seguidores.
A vitória de Hollande marca o retorno da esquerda à presidência da França, 17 anos após o fim do segundo mandato do ex-presidente socialista François Mitterrand, em 1995. Mitterrand - a principal inspiração do agora presidente eleito - foi sucedido pelo conservador Jacques Chirac (1995-2007), e depois por Nicolas Sarkozy (2007-2012), ambos do partido de direita União por um Movimento Democrático.
Hollande recebeu a notícia em seu comitê de campanha em Tulles, em Corrèze, reduto político do presidente eleito. Depois de votar, pela manhã, ele permaneceu no escritório durante o restante do dia, acompanhado apenas da mulher, Valérie Trierweiler, e de um conselheiro que o ajuda a preparar o seu discurso. Na capital, ele é aguardado na imensa festa popular que acontece na sede do Partido Socialista, na Rue Solférino, e depois na Praça da Bastilha, palco da Revolução Francesa, em 1789.
Mudança e reconciliação
O socialista informou à imprensa que passou uma noite "tensa" e estava ansioso durante o dia inteiro. Esta foi a primeira vez que ele concorreu ao Palácio do Eliseu e a sua vitória é o resultado de um esforço pessoal fora do comum: nas eleições anteriores, em 2007, ele era secretário-geral do partido e visto como um político sem liderança e pouco expressivo. Mas desde que deixou as rédeas do PS, em 2008, Hollande passou por uma verdadeira metamorfose: perdeu 10 kg, rejuvenesceu o visual, passou a moderar nas piadas irônicas pelas quais era conhecido e, principalmente, se colocou como a voz moderada e sensível do partido.

De encontro a um presidente que colecionava gafes contra as classes populares, em tempos de crise a França precisava de um homem que trouxesse de volta a conciliação. Com essa determinação, Hollande decidiu que a sua hora de concorrer ao cargo máximo da República tinha chegado. Coincidência ou não, a candidatura do favorito para disputar o Palácio do Eliseu pelo Partido Socialista, Dominique Strauss-Kahn, acabou ficando pelo caminho. A cinco meses das prévias que escolheriam o candidato, no ano passado, um escândalo sexual em Nova York pôs fim aos planos do ex-diretor do FMI, visto como o único capaz de vencer Sarkozy nas urnas. O desânimo tomou conta dos socialistas, que começaram a duvidar, mais uma vez, da capacidade de voltar ao poder.
Campanha sem falhas
Porém, uma vez escolhido pelos militantes, Hollande deu início a uma campanha sem falhas: bom de discurso, percorre a França inteira pedindo a mudança e tentando transmitir a confiança que faltava aos franceses. Alguns o chamam de "frouxo", outros, de "bonzinho demais". O próprio Sarkozy diz que Hollande é sem dúvida um homem inteligente, mas "que não sabe dizer não".

No entanto, o primeiro grande comício de campanha do socialista, em Bourget, na periferia de Paris, mostra que as mudanças não foram somente no visual. Diante da multidão, aparece um candidato firme, decidido e transbordando vontade política de reunir os franceses em torno dos valores republicanos, a liberdade, a igualdade, a fraternidade. Essa determinação o acompanha durante toda a campanha, inclusive no esperado - e, sem dúvida, temido - debate cara a cara contra Sarkozy, visto pelo presidente como a oportunidade de ouro para reverter o quadro e, quem sabe, vencer as eleições.
No primeiro turno, as urnas confirmam a primeira façanha: jamais na história da 5ª República Francesa um presidente em exercício tinha ficado em segundo lugar no primeiro turno. Agora, os franceses confirmaram que querem sim a mudança tanto pedida por Hollande. Resta ao novo presidente provar que será capaz de, diante tantas adversidades, trazer de volta a França que tanto desperta admiração.
Com informações de Lúcia Müzell, direto de Paris
Fonte: Terra Notícias