https://youtu.be/pSyE82yRaKU
https://youtu.be/eqlcHGj4f7k
CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS
27 de jun. de 2015
23 de jun. de 2015
PARA REFLETIR: QUE CRISE É ESTA ??????????

18
Jun
2015
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Marina Silva faz diagnóstico do Brasil na atualidade em palestra para os participantes do Executive MBA
A
professora associada da FDC e ex-candidata à Presidência da República,
Marina Silva, falou aos participantes do Executive MBA na última
segunda-feira, dia 15 de junho, no Campus Aloysio Faria, sobre o Brasil
na atualidade.
Marina Silva
iniciou sua palestra falando sobre sua percepção de que, não apenas o
Brasil, mas o mundo, vive uma crise civilizatória, que é composta por
múltiplas crises: econômica, social, ambiental, política e de valores.
Para a palestrante, o cenário político atual no Brasil deve-se, em
parte, a um esgotamento das instituições que operam o processo político.
Ela acredita que, apesar de existirem diversas formas de participação
na democracia, como os sindicatos, ONGs, etc., as pessoas estão
demandando mais participação, além de possibilidades de protagonismo e
de autoria.
Outro problema
apontado pela palestrante é a estagnação do modelo de governança do
Brasil. Para ela, é necessário que se faça um realinhamento político
capaz de pensar uma governabilidade que esteja alicerçada em um programa
de governo – como acontece nas democracias modernas –, o que dará maior
legitimidade ao governante perante o povo e perante sua base aliada.
Marina
ressaltou que as crises civilizatórias são difíceis de resolver porque
não temos um acervo de experiências em relação a elas, mas já é uma
vantagem sabermos que estamos vivendo tal crise. Para ela, na base da
crise civilizatória, está uma crise de valores, que tem a ver com o
sistema ético adotado por um povo, comunidade ou, até mesmo, por uma
empresa em um dado momento de sua existência.
“Há uma crise
de valores porque, no meu entendimento, nós estamos vivendo um pouco,
bastante até, sob a égide da ética relativa. Isto faz com que, no
aspecto ambiental, a gente separe economia de ecologia, política de
ética. Na economia, sacrificamos os recursos de milhares de anos pelo
lucro de apenas algumas décadas”, ressaltou a professora, ao comparar a
“ética relativa”, que se adapta às circunstâncias, com a “ética
rigorista”, que não se transforma com a cultura e a história.
Outra questão
levantada como um dos elementos para termos chegado ao cenário atual é o
padrão civilizatório que estabeleceu o ideal do “ter” em detrimento do
“ser”. No entanto, segundo a professora, há limites para o “ter”, que
podem ser vistos no esgotamento do nosso planeta.
Em relação ao
aspecto econômico, Marina falou sobre a necessidade de se transformar
vantagens comparativas em vantagens competitivas. Ela ressaltou que o
Brasil tem muitas vantagens comparativas, mas não consegue
transformá-las em vantagens competitivas. “Ainda somos gigantes pela
própria natureza. Ainda não somos gigantes pela natureza das decisões
que tomamos”, completou.
A professora
acredita que é preciso persistir para promover mudanças. “Os problemas
são graves, não podemos subestimá-los, mas é fundamental persistir na
boa governança – não se pode mudar as políticas e as prioridades porque
mudaram o partido e o governo. A composição tem que ser programática, e
uma reforma política, que é tão importante, não vai começar pela lei,
pelas estruturas. Vai começar pelas posturas”, ressaltou Marina.
Fonte: http://www.fdc.org.br/blogexecutivemba/Lists/Postagens/Post.aspx?ID=367
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16 de jun. de 2015
13 de jun. de 2015
PARA REFLETIR: O QUE OS JUÍZES SUECOS ACHAM DAS MORDOMIAS QUE SEUS COLEGAS NO BRASIL SE AUTOCONCEDEM...
O que juízes suecos acham das mordomias que seus colegas no Brasil se autoconcedem
Fonte: http://www.claudiawallin.com.br/2015/06/13/o-que-juizes-suecos-acham-das-mordomias-que-seus-colegas-no-brasil-se-autoconcedem/
Por Claudia Wallin *
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Ab ovo, desde o princípio dos tempos ditos civilizados, quid latine dictum sit altum sonatur,
tudo que é dito em latim soa profundo nas egrégias Cortes da Justiça.
Mas hic et nunc, neste instante, os linguistas mais perplexos com os
atos de auto-caridade praticados pelo Judiciário do Brasil já estarão se
perguntando, data venia, se não é chegada a hora de ampliar a definição
do conceito de pornografia nos dicionários brasileiros.
In ambiguo, na dúvida, vejamos: em uma das maiores
obscenidades já registradas em um mês das noivas, o Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro pediu e ganhou, em votação na Assembléia Legislativa
em maio, uma bolsa-educação de até R$ 2,86 mil mensais a fim de bancar
escolas e universidades particulares para filhos de juízes – que além de
receberem salário de cerca de R$ 30 mil, contam com vantagens como
plano de saúde, auxílio-creche, auxílio-alimentação e carro com
motorista à disposição.
Ao bacanal de maio seguiu-se o projeto do Supremo Tribunal Federal
(STF) para a futura Lei Orgânica da Magistratura (Loman), que prevê
auxílios para magistrados ab incunabulis, desde o berço, até o
caixão. Ganha uma toga quem adivinhar o resultado da votação do projeto
pelos representantes do Congresso, a quem a dor dos vizinhos da praça
dos poderes sempre parece incomodar.
O plano inclui o pagamento de até 17 salários por ano aos magistrados
brasileiros, que deverão ter um leque admirável de benefícios extras e
garantidos até o túmulo: até a conta do funeral dos juízes, conforme
prevê a proposta do STF, será paga pelo erário.
Entre os vivos, encenou-se a devassidão de junho: os guardiões da lei
do Rio Grande do Sul, que têm piso salarial de R$ 22 mil, acabam de se
auto-conceder um auxílio-alimentação de R$ 799 por mês.
Trata-se de um valor escandalosamente maior do que a maldita Bolsa
Família (R$ 167,56 em média), dada aos pobres que, segundo avançados
estudos científicos conduzidos nos Jardins, não querem saber de aprender
a pescar.
Como provavelmente não comeram nos últimos quatro anos, as
excelências do Sul decidiram também que o pagamento do benefício deverá
ser ex tunc, retroativo a 2011.
O indecoroso Bolsa Caviar contemplará todos os juízes,
desembargadores, promotores e procuradores, assim como – suprema ironia –
os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, responsáveis pela
fiscalização do uso do dinheiro dos impostos do cidadão. Tudo
devidamente encaixado na categoria de verba indenizatória, para ficar
isento de imposto de renda: afinal, o dinheiro público parece ser res nullius, coisa de ninguém.
Exempli gratia, por exemplo, levantamento do jornal O Dia
mostra agora que 90% dos juízes e desembargadores do Rio de Janeiro
receberam vencimentos que chegam a estourar o teto permitido pela
Constituição Federal. Em janeiro, o contra-cheque de um juiz chegou a
registrar R$ 241 mil. Só em março, a folha de pagamento de juízes e
desembargadores fluminenses totalizou o equivalente a 50.279 salários
mínimos.
E seguramente sem animus abutendi, intenção de abusar, procurou-se
também calibrar ainda mais os supersalários da magistratura brasileira juris et de jure,
de direito e por direito, no ano passado: foi quando os conselhos
nacionais de Justiça e do Ministério Público aprovaram o auxílio-moradia
de até R$ 4.377 para todos os juízes, desembargadores, promotores e
procuradores do Brasil – mesmo para quem já mora em imóvel próprio.
Cálculos aproximados estimam que o impacto anual decorrente do benefício
será de R$ 1 bilhão, nestes tempos dourados de PIB gordo e pleno
emprego no País das Maravilhas.
Há que se registrar as notáveis exceções à promiscuidade, como por
exemplo a postura do desembargador Siro Darlan de Oliveira – que, ao se
posicionar de forma veementemente contrária ao auxílio-educação para
filhos de juízes, foi afastado de suas funções pelo Presidente do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Carvalho.
Mas quis custodiet ipsos custodes? – quem afinal vigia os vigias?
O fundamental respeito de uma sociedade por seu Judiciário vai aos poucos, e perigosamente, sendo engavetado como um processo de Geraldo Brindeiro.
O fundamental respeito de uma sociedade por seu Judiciário vai aos poucos, e perigosamente, sendo engavetado como um processo de Geraldo Brindeiro.
Nas mídias sociais, a frase de um internauta dá a medida do temerário
grau de escárnio que cresce entre tantos indignados com as benesses das
Cortes: “quando é que vai aparecer uma operação Lava-Toga”?
Recomendam o bom senso e a razão o graviter facere nos tribunais – agir com prudência, moderação, gravidade.
Decido ad judicem dicere, falar com um juiz, aqui na Suécia. Telefono então para
Göran Lambertz, um dos 16 integrantes da Suprema Corte sueca, para contar as últimas novidades da corte brasileira. Lambertz é aquele juiz que pedala todos os dias até a estação central, e de lá toma um trem para o trabalho – e que me disse há tempos, em vídeo gravado para a TV Bandeirantes, que luxo pago com dinheiro do contribuinte é imoral.
Göran Lambertz, um dos 16 integrantes da Suprema Corte sueca, para contar as últimas novidades da corte brasileira. Lambertz é aquele juiz que pedala todos os dias até a estação central, e de lá toma um trem para o trabalho – e que me disse há tempos, em vídeo gravado para a TV Bandeirantes, que luxo pago com dinheiro do contribuinte é imoral.
Quando descrevo a nova lista de benefícios dos juízes brasileiros,
Göran Lambertz dispensa totalmente, para meu espanto, a tradicional
reserva e a discrição que caracteriza o povo sueco.
“Em minha opinião, é absolutamente inacreditável que juízes tenham o
descaramento e a audácia de serem tão egocêntricos e egoístas a ponto de
buscar benefícios como auxílio-alimentação e auxílio-escola para seus
filhos. Nunca ouvi falar de nenhum outro país onde juízes tenham feito
uso de sua posição a este nível para beneficiar a si próprios e
enriquecer”, diz Lambertz.
Com o cuidado de avisar que não se trata de um trote, telefono em
seguida para o sindicato dos juízes suecos, o Jusek, e peço para ouvir
as considerações de um magistrado sindicalizado acerca da última série
de benefícios auto-concedidos a si próprios pelos magistrados
brasileiros — o Bolsa Moradia, o Bolsa Educação, o Bolsa Alimentação.
Sim, existe um sindicato dos magistrados na Suécia. É assim que os
juízes suecos, assim como os trabalhadores de qualquer outra categoria,
cuidam da negociação de seus reajustes salariais.
Meu telefonema é transferido então para o celular do juiz Carsten Helland, um dos representantes da categoria no sindicato.
Sinto um impulso incontrolável de dizer a ele que fique à vontade
para recusar o colóquio e bater impiedosamente o telefone como bate seu
martelo na Corte, pois os fatos que vai ouvir podem provocar sensações
indesejáveis de regurgitação neste horário inconveniente que antecede o
almoço do magistrado.
Mas, como que invadida pela cegueira da Justiça, decido narrar de vez
ao juiz, sem clemência nem advertência, todos os obscenos benefícios
pedidos e concedidos aos colegas brasileiros no além-mar.
Para minha surpresa, o magistrado sueco dedica os segundos iniciais da sua resposta a uma sessão de risos de incredulidade.
“Juízes não podem agir em nome dos próprios interesses,
particularmente em tamanho grau, com tal ganância e egoísmo, e esperar
que os cidadãos obedeçam à lei”, diz enfim o juiz, na sequência da
risada que não pôde ou não quis evitar.
Recobrado o equilíbrio e a compostura que a toga exige, Carsten Helland continua:
“Um sistema de justiça deve ser justo”, ele começa, constatando o
óbvio com a fala didática de quem tenta se comunicar com uma criatura
verde de outro mundo.
“As Cortes de um país são o último posto avançado da garantia de
justiça em uma sociedade, e por essa razão os magistrados devem ser
fundamentalmente honestos e tratar os cidadãos com respeito. Se os
juízes e tribunais não forem capazes de transmitir esta confiança e
segurança básica aos cidadãos, os cidadãos não irão respeitar o
Judiciário. E consequentemente, não irão respeitar a lei”, enfatiza o
juiz sueco.
Pergunto a Carsten o que aconteceria na Suécia se os juízes, em um
louco delírio, decidissem se auto-conceder benefícios como um
auxílio-alimentação.
“Acho que perderíamos o nosso emprego”, ele diz, entre novo surto de
risos. “Mas é simplesmente impossível que a aprovação de benefícios como
auxílio-alimentação ou auxílio-moradia para magistrados aconteça por
aqui”.
Por quê?
“Porque não temos esse tipo de sistema imoral. Temos um sistema
democrático, que regulamenta o nível salarial da categoria dos
magistrados, assim como dos políticos. E temos uma opinião pública que
não aceitaria atos imorais como a concessão de benefícios para alimentar
os juízes às custas do dinheiro público. Os juízes suecos não podem,
portanto, sequer pensar em fazer coisas desse gênero”, conclui Carsten
Helland.
O salário médio bruto de um juiz na Suécia é de cerca de 60 mil
coroas suecas, o que equivale a aproximadamente 22,3 mil reais. O valor
equivale ao salário de um deputado sueco, que em termos líquidos
representa cerca de 50% a mais do que ganha um professor do ensino
fundamental. O salário médio no país é de 27,3 mil coroas suecas.
“Há uma pequena variação nos salários dos magistrados suecos, que se
situam em uma faixa entre 50 mil a 63 mil coroas suecas”, diz o juiz.
Há algum outro tipo de benefício além do salário?
“Não, absolutamente não” – ele responde.
A negociação anual dos reajustes salariais da magistratura se dá
entre o sindicato Jusek e o Domstolsverket, a autoridade estatal
responsável pela organização e o funcionamento do sistema de justiça
sueco.
Para entender o sistema sueco, diz o juiz Helland, é preciso olhar um século para trás.
“A partir do final do século XIX, os sindicatos desempenharam um
papel fundamental na construção da sociedade que temos hoje. Portanto,
não é estranho ver magistrados ou qualquer outro profissional na Suécia
sendo filiados a sindicatos. E é importante notar que ser membro de um
sindicato, na Suécia, não significa que você seja de esquerda. Os
sindicatos são parte essencial da base sobre a qual nossa sociedade foi
consolidada – a dualidade entre trabalhadores e empregadores”, ele
observa.
O reajuste salarial dos magistrados suecos trata normalmente, segundo
o juiz, da reposição da perda inflacionária acumulada no período de um
ano, e que se situa em geral entre 2% e 2,5%.
“Nossos reajustes seguem geralmente os índices aplicados às demais
categorias de trabalhadores, que têm como base de cálculo os indicadores
gerais da economia e parâmetros como o nível de aumento salarial dos
trabalhadores do IF Metall (o poderoso sindicato dos metalúrgicos
suecos)”, explica o juiz Carsten.
A negociação depende essencialmente do orçamento do Domstolsverket, que é determinado pelo Ministério das Finanças:
“Os juízes têm influência limitada no processo de negociação
salarial”, diz Carsten. “As autoridades estatais do Domstolsverket
recebem a verba repassada pelo governo, através do recolhimento dos
impostos dos contribuintes, e isso representa o orçamento total que o
governo quer gastar com as Cortes. A partir deste orçamento, o
Domstolsverket se faz a pergunta: quanto podemos gastar com o reajuste
salarial dos juízes?”, explica o juiz.
“Não podemos, portanto, lutar por salários muito maiores. Podemos apenas querer que seja possível ganhar mais”, acrescenta ele.
Greves de juízes não fazem parte da ordem do dia.
“Não fazemos greves, porque isso seria evidentemente perigoso para a sociedade”, diz Helland.
Já sei a resposta, de tanto fazer a mesma pergunta a jornalistas e a
suecos em geral, mas resolvo perguntar mais uma vez: já ouviu falar de
algum caso registrado de juiz corrupto na Suécia?
“Não”, diz Helland. “Nunca”.
Na Suprema Corte sueca, os reajustes salariais também seguem a mesma regra aplicada ao restante da magistratura.
O salário bruto dos juízes do Supremo, segundo Goran Lambertz, é de
100 mil coroas suecas (cerca de 37 mil reais). Uma vez descontados os
impostos, os vencimentos de cada juiz totalizam, in totum, um
valor líquido de 55 mil coroas suecas (aproximadamente 20,4 mil reais).
Sem nenhum benefício ou penduricalho extra, e sem carros com motorista.
Neste exótico país, os juízes da Suprema Corte também não têm status de ministro, e nem são chamados de excelências.
“Se o sistema judiciário de um país não for capaz de obter o respeito
dos cidadãos, toda a sociedade estará ameaçada. Haverá mais crimes,
haverá cada vez maior ganância na sociedade, e cada vez menos confiança
nas instituições do país. Juízes têm o dever, portanto, de preservar um
alto padrão moral e agir como bons exemplos para a sociedade, e não agir
em nome de seus próprios interesses”, diz Göran Lambertz ao final da
nossa conversa.
Ou em bom latim, conforme rezam os manuais jurídicos: nemo iudex in causa sua – ninguém pode ser juiz em causa própria.
* Publicado originalmente no Diário do Centro do Mundo.
Fonte: http://www.claudiawallin.com.br/2015/06/13/o-que-juizes-suecos-acham-das-mordomias-que-seus-colegas-no-brasil-se-autoconcedem/
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