
18
Jun
2015
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A
professora associada da FDC e ex-candidata à Presidência da República,
Marina Silva, falou aos participantes do Executive MBA na última
segunda-feira, dia 15 de junho, no Campus Aloysio Faria, sobre o Brasil
na atualidade.
Marina Silva
iniciou sua palestra falando sobre sua percepção de que, não apenas o
Brasil, mas o mundo, vive uma crise civilizatória, que é composta por
múltiplas crises: econômica, social, ambiental, política e de valores.
Para a palestrante, o cenário político atual no Brasil deve-se, em
parte, a um esgotamento das instituições que operam o processo político.
Ela acredita que, apesar de existirem diversas formas de participação
na democracia, como os sindicatos, ONGs, etc., as pessoas estão
demandando mais participação, além de possibilidades de protagonismo e
de autoria.
Outro problema
apontado pela palestrante é a estagnação do modelo de governança do
Brasil. Para ela, é necessário que se faça um realinhamento político
capaz de pensar uma governabilidade que esteja alicerçada em um programa
de governo – como acontece nas democracias modernas –, o que dará maior
legitimidade ao governante perante o povo e perante sua base aliada.
Marina
ressaltou que as crises civilizatórias são difíceis de resolver porque
não temos um acervo de experiências em relação a elas, mas já é uma
vantagem sabermos que estamos vivendo tal crise. Para ela, na base da
crise civilizatória, está uma crise de valores, que tem a ver com o
sistema ético adotado por um povo, comunidade ou, até mesmo, por uma
empresa em um dado momento de sua existência.
“Há uma crise
de valores porque, no meu entendimento, nós estamos vivendo um pouco,
bastante até, sob a égide da ética relativa. Isto faz com que, no
aspecto ambiental, a gente separe economia de ecologia, política de
ética. Na economia, sacrificamos os recursos de milhares de anos pelo
lucro de apenas algumas décadas”, ressaltou a professora, ao comparar a
“ética relativa”, que se adapta às circunstâncias, com a “ética
rigorista”, que não se transforma com a cultura e a história.
Outra questão
levantada como um dos elementos para termos chegado ao cenário atual é o
padrão civilizatório que estabeleceu o ideal do “ter” em detrimento do
“ser”. No entanto, segundo a professora, há limites para o “ter”, que
podem ser vistos no esgotamento do nosso planeta.
Em relação ao
aspecto econômico, Marina falou sobre a necessidade de se transformar
vantagens comparativas em vantagens competitivas. Ela ressaltou que o
Brasil tem muitas vantagens comparativas, mas não consegue
transformá-las em vantagens competitivas. “Ainda somos gigantes pela
própria natureza. Ainda não somos gigantes pela natureza das decisões
que tomamos”, completou.
A professora
acredita que é preciso persistir para promover mudanças. “Os problemas
são graves, não podemos subestimá-los, mas é fundamental persistir na
boa governança – não se pode mudar as políticas e as prioridades porque
mudaram o partido e o governo. A composição tem que ser programática, e
uma reforma política, que é tão importante, não vai começar pela lei,
pelas estruturas. Vai começar pelas posturas”, ressaltou Marina.
Fonte: http://www.fdc.org.br/blogexecutivemba/Lists/Postagens/Post.aspx?ID=367
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