Foto de Paulo Freire e Escultura de Paulo Freire em Estocolmo, Suécia.
Paulo Freire (segundo da esquerda para a direita) aparece ao lado de outras
seis personalidades internacionais, entre elas Pablo Neruda e Mao Tsé-Tung.
Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19
de setembro de 1921 — São
Paulo, 2 de maio de1997) foi um educador e filósofo brasileiro.
É Patrono da Educação Brasileira.
Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais
notáveis na história da Pedagogia mundial,[1] tendo influenciado o movimento chamado pedagogia
crítica. A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o
educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética
com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária,
tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele
próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se
de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.
Destacou-se por seu trabalho na área da educação
popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Autor de Pedagogia do Oprimido, um método de alfabetização
dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de
esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não
só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.
Em 13 de abril de 2012, foi sancionada a lei 12.612 que
declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.[2]
[editar]Biografia
Paulo Freire nasceu em 19
de setembro de 1921 em Recife. Filho de Joaquim Temístocles Freire,
capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona
Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles.
A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando,
funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18
anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o
Exército. Aos dois, Paulo agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a
Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na
manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.
Sua família fazia parte da classe média, mas Freire
vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão
de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais
pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método
de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo
Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na
América Latina e na África.
O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo
público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos,
quase sempre ligados a partidos de esquerda.
A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do
Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo
Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente
em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo
desenvolvimentista do governo João
Goulart.
[editar]Primeiros trabalhos
Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito,
mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso,
nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de
segundo grau lecionando língua
portuguesa. Em 1944, casou com Elza
Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho.
Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor
do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado
de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres.
Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do
Recife e, no mesmo ano [6], realizou junto com sua equipe as primeiras experiências
de alfabetização popular que levariam à constituição do Método
Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300
cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o
governo brasileiro (que, sob o presidente João
Goulart, empenhava-se na realização das reformas
de base) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização,
que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil
núcleos (os "círculos de cultura") pelo País.
Em 1964, meses depois de iniciada a implantação
do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como
traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da
Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação. Em 1967, durante o
exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, Educação como Prática da
Liberdade, baseado
fundamentalmente na tese Educação e Atualidade
Brasileira, com a qual concorrera, em
1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da
Universidade do Recife.
O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser
professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a
redação de seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, que foi publicado em várias línguas como o espanhol,
o inglês (em 1970) e até o hebraico (em 1981). Em razão da rixa política entre a ditadura
militar e o socialismo
cristão de Paulo Freire[carece de fontes], ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general
Geisel assumiu a presidência do país
e iniciou o processo de abertura política.
Depois de um ano em Cambridge, Freire
mudou-se para Genebra, na Suíça,
trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante
esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas
na África, particularmente
na Guiné-Bissau e em Moçambique.
Com a Anistia em 1979 Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o
programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT
venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a
gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de
Educação da cidade de São
Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela
secretaria municipal de Educação está a criação do MOVA - Movimento de Alfabetização, um modelo de programa
público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras
(majoritariamente petistas ou de outras orientações de esquerda) e outras
instâncias de governo.
Em 1986, sua esposa Elza morreu. Dois anos
depois, em 1988, o educador casou-se com a também
pernambucana Ana Maria Araújo, conhecida pelo apelido "Nita", que
além de conhecida desde a infância era sua orientanda no programa de mestrado
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e
elaborar as idéias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do
educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do
pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.
Freire morreu de um ataque
cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h 53,
no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a
complicações em uma operação de desobstrução de artérias.
O Estado Brasileiro, por meio do Ministério da Justiça,
no Fórum Mundial de Educação Profissional de 2009, realizado em Brasília, fez o
pedido de perdão post mortem à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de
"reparação econômica"[4].
[editar]A Pedagogia da Libertação
Painel Paulo Freire no CEFORTEPE - Centro de Formação,
Tecnologia e Pesquisa Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Campinas-SP
Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de
elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições
foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização
política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos
como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB).
No entanto, a obra de Paulo Freire não se limita a esses
campos, tendo eventualmente alcance mais amplo, pelo menos para a tradição de
educação marxista, que incorpora o conceito básico de que não existe educação
neutra. Segundo a visão de Freire, todo ato de educação é um ato político.
[editar]Obras
§ 1959: Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (tese de concurso público
para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de
Pernambuco).
§ 1961: A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 90p.
§ 1963: Alfabetização e conscientização. Porto Alegre: Editora Emma.
§ 1967: Educação como prática da
liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed.,
1989, 150 p).
§ 1968: Educação e conscientização: extencionismo rural. Cuernavaca (México): CIDOC/Cuaderno 25, 320 p.
§ 1970: Pedagogia do oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (manuscrito em
português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.).
§ 1971: Extensão ou comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971, 93 p.
§ 1976: Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Tradução de Claudia Schilling, Buenos Aires: Tierra
Nueva, 1975. Publicado também no Rio de Janeiro, Paz e terra, 149 p. (8. ed.,
1987).
§ 1977: Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (4 ed., 1984), 173 p.
§ 1978: Os cristãos e a libertação dos oprimidos. Lisboa: Edições BASE, 49 p.
§ 1979: Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire (antologia). São Paulo: Loyola.
§ 1979: Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 112 p.
§ 1979: Multinacionais e trabalhadores no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 226 p.
§ 1980: Quatro cartas aos animadores e às animadoras culturais. República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação
e Desportos, São Tomé.
§ 1980: Conscientização: teoria e prática da libertação; uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 102 p.
§ 1981: Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
§ 1982: A importância do ato de ler (em três artigos que se completam). Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/
Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo).
§ 1982: Sobre educação (Diálogos), Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 132 p.
(Educação e comunicação, 9).
§ 1982: Educação popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p.
§ 1983: Cultura popular, educação popular.
§ 1985: Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3ª Edição
§ 1986: Fazer escola conhecendo a vida. Papirus.
§ 1987: Aprendendo com a própria história (com Sérgio Guimarães). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 168 p. (Educação e
Comunicação; v.19).
§ 1988: Na escola que fazemos: uma reflexão interdisciplinar em educação popular. Vozes.
§ 1989: Que fazer: teoria e prática em educação popular. Vozes.
§ 1990: Conversando com educadores. Montevideo (Uruguai): Roca Viva.
§ 1990: Alfabetização - Leitura do mundo, leitura da palavra (com Donaldo Macedo). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 272 p.
§ 1991: A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 144 p.
§ 1991: A Importância do Ato de Ler - em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora & Autores Associados, 1991.
(Coleção Polêmicas do Nosso Tempo, v 4)- 80 p.
§ 1992: Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p.
§ 1993: Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d'água. (6 ed. 1995), 127 p.
§ 1993: Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p.
§ 1994: Cartas a Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São
Paulo: Paz e Terra. 334 p.
§ 1994: Essa escola chamada vida. São Paulo: Ática, 1985; 8ª edição.
§ 1995: À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p.
§ 1995: Pedagogia: diálogo e conflito. São Paulo: Editora Cortez.
§ 1996: Medo e ousadia. Prefácio de Ana Maria Saul;
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição.
§ 1996: Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
§ 2000: Pedagogia da indignação – cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 134 p.
§ 2003: A África ensinando a gente (com Sérgio Guimarães). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 248 p.
[editar]Bibliografia sobre Paulo
Freire
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§ BRANDÃO, Carlos Rodrigues
(editor). O que é método Paulo Freire. São Paulo, Brasiliense, 1981.
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§ CANAVIEIRA, Manuel (Org.). Alfabetização: caminho para a liberdade. Lisboa: Edições BASE, 1977, 86 p. Expõe e comenta o
sistema Paulo Freire de alfabetização e considera-o como uma ação pedagógica
conscientizadora.
§ CUNHA, Diana A. As utopias na educação; ensaios sobre as propostas de
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§ DAMKE, Ilda Righi. O processo do conhecimento na pedagogia da libertação: as
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Leitura crítica de Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1981.
§ _____________. Pedagogia da luta: da pedagogia do oprimido à escola
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Campinas: Papirus, 1997.
TORRES, Rosa Maria. Educação Popular: um encontro com Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1987.
Comentário: Lembro-me de ter ouvido uma entrevista de Paulo Freire no rádio e num certo momento o entrevistador perguntou-lhe se era ateu. Paulo Freire então lhe respondeu: como posso ser ateu! Será que as pessoas ainda não perceberam e nem entenderam que toda a pedagogia e método Paulo Freire estão baseados na pedagogia e métodos utilizados por Jesus Cristo?
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