Slim recomenda semana de três dias de trabalho
Objetivos da proposta são reduzir o
desemprego e permitir que as pessoas inovem
POR O GLOBO
19/07/2014
17:38 / ATUALIZADO 20/07/2014 21:59
CIDADE DO MÉXICO - Sonho de muitos trabalhadores, uma semana de trabalho de
três dias é a receita do bilionário Carlos Slim, que alterna com Bill Gates o
posto de homem mais rico do mundo, para a reduzir os índices de desemprego e,
de quebra, permitir que as pessoas inovem mais, além de passar mais tempo com a
família. Neste modelo, a jornada de trabalho seria de cerca de 11 horas por
dia.
A proposta não é nova. Em junho de 2012, em uma conferência na sede da
ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra, o magnata das telecomunicações
defendeu a jornada de três dias por semana, com “dez ou 11 horas, para ter
livres os outro quatro dias e dedicá-los à família, a inovar, a cultivar-se o
criar”. Desta vez, ele falou sobre a ideia em discurso no encontro anual da
Fundação Círculo de Montevidéu, que aconteceu no Paraguai, na sexta-feira.
Na Telmex, gigante mexicana de telecomunicações de propriedade de Slim,
os funcionários trabalham oito horas, de segunda a sexta-feira. Se a proposta
fosse adotada na companhia, a jornada semanas ficaria sete horas menor. A
questão é se a redução da jornada implicaria redução dos salários.
Questão de viabilidade
Para Gerardo Esquivel, economista do Colegío de México, a proposta de
Slim “não tem lógica nenhuma”. Por sua vez, o professor e pesquisador Raúl
Feliz Ortiz, do Centro de Pesquisa e Ensino Econômicos (Cide), acha
“interessante” que Slim penso sobre a questão da criatividade. “Merece ser
estudada, mas não vejo viabilidade a curto prazo. A idéia de Slim é deixar mais
tempo disponível para o ócio. Também seria preciso analisar isso do ponto de
vista médico. Dá para manter a atenção por 11 horas seguidas? Não creio”,
afirmou ao “El País”, lembrando que o sistema não está implantado em nenhum
país.
Porém, já existem programas que combinam uma redução de horas
trabalhadas com subsídios do Estado. Na Alemanha, por exemplo, o governo lançou
um sistema chamado Kurzarbeit, pelo qual a jornada é reduzida em empresas que
solicitam a mudança devido a problemas econômicos. O salário pago pela
companhia aos trabalhadores diminui, e o Estado paga uma parte — mas não a
totalidade — da diferença.
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