CIÊNCIAS SOCIAIS

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23 de jul. de 2011

TERRORISMO DE EXTREMA DIREITA ATACA NA NORUEGA

O norueguês acusado de matar pelo menos 92 pessoas é um ex-membro de um partido populista antiimigração que escreveu em blogs atacando o multiculturalismo e o islamismo.
O suspeito, detido depois de 85 pessoas terem sido mortas a tiros em um acampamento de jovens e outras 7 terem morrido em um ataque a bomba na sexta-feira, foi identificado pela mídia norueguesa como Anders Behring Breivik.
Publicações na Internet com o nome de Breivik contêm críticas às políticas europeias de tentar acomodar as culturas de diferentes grupos étnicos, e reivindicam que uma minoria significativa de jovens muçulmanos britânicos apoiam a militância islâmica radical.
"Quando o multiculturalismo deixará de ser uma ideologia projetada para desconstruir a cultura europeia, as tradições, a identidade e os Estados-nação?" disse um texto, publicado em 2 de fevereiro de 2010 no site de direita www.document.no.
"De acordo com dois estudos, 13 por cento dos jovens muçulmanos britânicos com idade entre 15 e 25 dão apoio à ideologia da Al Qaeda", disse outra entrada datada de 16 de fevereiro do ano passado.
A polícia revistou um apartamento em um subúrbio de Oslo na sexta-feira, mas os vizinhos disseram que a casa pertencia à mãe de Breivik, a quem descreveram como uma simpática senhora.
O vice-chefe de polícia, Roger Andresen, não quis especular sobre os motivos para o que pode ser o mais mortífero ataque de um atirador solitário em qualquer lugar nos tempos modernos. Mas ele disse que o homem sob custódia havia descrito a si mesmo em sua página no Facebook como inclinado ao cristianismo de direita
O principal suspeito de ter cometido o duplo atentado na sexta-feira na Noruega que matou 92 pessoas, foi membro do partido Progressista (FrP, da direita populista) e de seu movimento jovem. O homem era também membro de um fórum neonazista sueco na internet, informou um grupo de acompanhamento das atividades de extrema direita da região. "Entristece-me bastante saber que esta pessoa foi membro de nosso partido", lamentou Siv Jensen, presidente do FrP, em um comunicado neste sábado.
A legenda informou que o suspeito, identificado como Anders Behring pela imprensa norueguesa, se afiliou em 1999 e saiu da lista de membros em 2006. Ele também foi o responsável local do movimento juvenil do FrP entre 2002 e 2004, acrescentou o partido. As informações foram confirmadas pela legenda depois que o canal de televisão TV2 divulgou que o suspeito pertencia à extrema direita norueguesa.
A polícia o descreveu como um "fundamentalista cristão" de direita, hostil ao islamismo. De acordo com Mikel Ekman, investigador da Fundação Expo, com base em Estocolmo, que policia os grupos de extrema direita, o suspeito criou um perfil em 2009 sob um pseudônimo que pode ser rastreado para seu endereço de e-mail em um fórum neonazista sueco. Ekman disse que não é possível determinar quando o suspeito participou pela última vez do fórum, chamado Nordisk. Fundado em 2007, o grupo conta com 22 mil membros na região
O homem preso por causa dos ataques na Noruega, Anders Behring Breivik, se descreve como um"nacionalista", segundo a polícia. No sentido mais puro da palavra, ele não está sozinho. Neste dia de luto, os noruegueses estão unidos sob a bandeira nacional, jurando permanecer firmes contra o terror. Entretanto, o suspeito não parece ser um simples nacionalista, mas sim um extremista de direita do tipo que as polícias do Ocidente vem temendo há tempos.
Segundo o jornal norueguês Aftenposten o medo é aumentado pela mistura potencialmente explosiva de recessão econômica, aumento do racismo e um sentimento anti-islâmico ainda mais forte. A polícia norueguesa notou um leve aumento da atividade de grupos extremistas de direita no ano passado e previu que ela continuaria a crescer este ano. Mas sugeriu também que o movimento seria fraco, sem um líder e tinha pouco potencial de crescimento.
Embora membros do movimento de extrema direita norueguês tenham cometido ataques no passado, eles são historicamente uma comunidade pequena, segundo grupos que monitoram a atuação de neonazistas.
O escritor sueco falecido Stieg Larsson era um destes especialistas. Na década de 1990 ele criou a publicação anti-racista Expo, após o aumento da violência causada por tais grupos. Entrevistado para um documentário que eu fazia à época, ele me disse que a Suécia era o maior produtor da chamada música White Power e outros instrumentos de propaganda racial, com um movimento neonazista crescente e violento.
Por outro lado, os neonazistas noruegueses eram desorganizados e caóticos, disse ele, citando o exemplo de encontros organizados pela extrema direita sueca, que contaram com uma pequena presença de visitantes noruegueses. Os suecos eram articulados, organizados e bem vestidos, disse ele. Já os noruegueses vinham de ônibus, bebendo e chegavam incoerentes e mal-vestidos.
Desde então, grupos de extremistas de direita noruegueses parecem ter criado laços com a comunidade de criminosos, assim como grupos similares no exterior, na Europa, Rússia e EUA. A Suécia, ao contrário, viu uma grande diminuição da atividade extremista desde seu auge em meados dos anos 90, quando seus jornais publicaram fotos de todos os neonazistas conhecidos do país. Mas, ao mesmo tempo, a Expo relata como a repulsa mostrada pelos suecos nos anos 90 vem se transformando cada vez mais em curiosidade sobre a suavizada retórica da extrema direita.
Sentimentos parecidos tem aflorado na Noruega, onde políticos discutem abertamente preocupações sobre como a cultura do país seria diluída pela imigração vinda de países com valores e religiões diferentes. Mas após os ataques em Oslo e Utoya, será interessante observar se muitos no país vão desenvolver uma visão mais sofisticada a respeito de onde vêm as maiores ameaças, em meio ao entendimento de que o extremismo pode ser mortal, independente de nacionalidade, etnia ou religião.
Um vídeo que contém violentas proclamações contra o islã, o marxismo e o multiculturalismo e que os meios noruegueses atribuíram ao autor dos atentados de sexta-feira em Oslo foi publicado no Youtube na sexta-feira e retirado em seguida pelo próprio site. Interrogada, a polícia da capital norueguesa não realizou comentário algum sobre esta informação.
No vídeo, de 12 minutos, que alterna homenagens às cruzadas da Idade Média, textos anticomunistas e violentos ataques contra o Islã, o suspeito do atentado perpetrado na sexta-feira, Anders Behring Breiving, aparece em três fotografias diferentes, em uma delas posando com um fuzil de assalto. O vídeo, que é basicamente um conjunto de imagens fixas, descreve o islã como "a principal ideologia genocida".
"Antes de iniciarmos nossa Cruzada, devemos cumprir com nossa obrigação e dizimar o marxismo cultural", diz o vídeo publicado por um usuário chamado "BerwickAndrew". O vídeo está dividido em quatro capítulos "O auge do marxismo cultural", "A colonização islâmica", "A esperança" e "A renovação".
Segundo o jornal norueguês Dagbladet, este vídeo resume um "manifesto" de 1.500 páginas escrito por Anders Behring Breiving. Os atentados de Oslo, que causaram ao menos 92 mortes, tiveram como alvo os símbolos da esquerda: a sede do governo de centro-esquerda norueguês e um acampamento de jovens do Partido Trabalhista, do primeiro-ministro Jens Stoltenberg.
O homem detido pelos ataques em Oslo, Anders Behring Breivik, disse neste sábado que as ações na Noruega eram necessárias, segundo informou o advogado Geir Lippestad ao canal NRK. O atirador "explicou que foi cruel, mas que era preciso realizar estas ações", que, "evidentemente, foram planejadas há muito tempo".
Behring Breivik, 32 anos, admitiu ter participado das ações que causaram a morte de pelo menos 92 pessoas em dois ataques na sexta-feira na capital norueguesa.
Fonte: Terra Notícias

Comentário: Pelo que me consta, o verdadeiro Cristianismo não ensina as pessoas a sairem por aí atirando em outras pessoas, a colocar bombas em locais públicos e nem prega e estimula os preconceitos étnicos e raciais. Ideologias políticas e culturais travestidas de religião até hoje têm sido um dos maiores problemas enfrentados pelas culturas e civilizações no mundo, principalmente em épocas de crises sistêmicas (sócioeconômicas, políticas e ambientais)...

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