https://youtu.be/pxtz6r_9BJs
CIÊNCIAS SOCIAIS
CIÊNCIAS SOCIAIS
22 de dez. de 2015
21 de dez. de 2015
PARA REFLETIR...
Brasileiro despreza latinidade, mas quer liderança regional
Uma pesquisa inédita de opinião pública confirmou o que a história e o 
senso comum já sugeriam: o brasileiro despreza a América Latina, mas ao 
mesmo tempo se vê como líder nato da região.
 
        "A América Latina sempre se associou à colonização espanhola, e 
isso já gera uma divisão com o passado português do Brasil", afirmou 
Fernando Mourón 
    
Foto: Divulgação/BBC Brasil / BBCBrasil.com
 Apenas 4% dos brasileiros se definem como latino-americanos, ante uma 
média de 43% em outros seis países latinos (Argentina, Chile, Colômbia, 
Equador, México e Peru).
 E mais: quem mora no Brasil avalia que o país seria o melhor 
representante da América Latina no Conselho de Segurança da ONU, mas não
 quer livre trânsito de latinos por suas fronteiras nem priorizar a 
região na política externa.
 Os resultados estão na edição 2014/2015 do projeto
 
  The Americas and the World: Public Opinion and Foreign Policy
 
 (As Américas e o Mundo: Opinião Pública e Política Externa), coordenado
 pelo Centro de Investigação e Docência em Economia (Cide) do México, em
 colaboração com universidades da região.
 No Brasil, o responsável pela iniciativa é o Instituto de Relações 
Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), que aplicou 1.881 
questionários no país.
 Em uma das questões, os entrevistados deveriam apontar os gentílicos e 
expressões com os quais mais se identificavam. A principal resposta foi 
"brasileiro" (79%), seguida por "cidadão do mundo" (13%), 
"latino-americano" (4%) e "sul-americano" (1%).
 O Brasil foi o único entre os sete países da pesquisa em que o adjetivo
 pátrio ficou entre as três principais opções dos entrevistados.
 Argentinos, chilenos, colombianos, equatorianos e peruanos indicaram 
"latino-americano", "sul-americano" e "cidadão do mundo". E a segunda e 
terceira opção dos mexicanos depois de "latino-americano" foram, 
respectivamente, "cidadão do mundo" e "norte-americano".
 O estudo também fez a seguinte questão aos participantes: em qual região do mundo seu país deve prestar mais atenção?
 Na mesma linha do item sobre identidade, o Brasil foi o único na 
pesquisa a não priorizar a América Latina. Na opinião dos entrevistados,
 o foco da política externa deve ser a África (24%), depois América 
Latina (16%), seguida de perto por Europa (13%) e América do Norte 
(9,5%).
 Nos outros países a opção pela América Latina predominou, com percentuais de 57% (Argentina) a 30% (Chile e Peru).
Autoidentificação ambivalente
 Para os autores da pesquisa, os resultados comprovam, com dados de 
opinião pública, o que historiadores e cientistas sociais já apontavam: a
 autoidentificação do brasileiro é tênue e ambivalente, marcada pela 
percepção de pertencer a uma nação diferente dos vizinhos, seja pela 
experiência colonial, língua ou processo de independência distinto.
 "A primeira explicação é a colonização. América Latina sempre se 
associou à colonização espanhola, e isso já gera uma divisão com o 
passado português do Brasil", afirma o argentino Fernando Mourón, 
pesquisador do Centro de Estudo das Negociações Internacionais da USP e 
participante do estudo regional.
 "Depois temos os processos de independência na região. Na América 
espanhola houve guerras contra a Coroa e o reforço de uma identidade 
cultural única, enquanto no Brasil o próprio regente português declarou a
 independência."
 A economia por muito tempo fechada aos vizinhos, a geografia 
continental que dificulta conexões físicas e o histórico diplomático 
também ajudam a explicar o "isolamento" brasileiro, avalia Mourón.
 Sobre esse último ponto, em artigo ainda inédito sobre os resultados do
 estudo, Mourón e os colegas da USP Janina Onuki e Francisco Urdinez 
lembram que até o final da Guerra Fria diplomatas brasileiros 
acreditavam que a melhor estratégia para aprimorar a inserção 
internacional do país era manter distância de questões regionais.
 "Uma das consequências foi que, até a metade dos anos 1980, as elites 
brasileiras e a população em geral viram a América Latina não como 
construção maior de identidade coletiva, mas apenas como a paisagem 
geográfica imediata em torno do país", escrevem os autores.
Liderança contraditória
 Ao analisar os dados da amostra, que é representativa de toda a 
população dos países analisados, os pesquisadores concluem que os 
brasileiros enxergam seu país como líder regional, mas em geral resistem
 a possíveis implicações de assumir tal posição.
 Questionados sobre qual país deveria assumir uma cadeira no Conselho de
 Segurança da ONU caso o órgão abrisse uma vaga para a América Latina, 
por exemplo, a maioria dos brasileiros (66%) indicou o próprio país.
 O Brasil também foi a primeira opção dos entrevistados nos demais 
países do estudo, exceto as outras duas maiores economias, Argentina e 
México, onde os moradores também "elegeram" seus próprios países, com 
60% e 54%, respectivamente.
 Por outro lado, a maioria dos brasileiros (54%) discorda do livre 
movimento de pessoas na região sem controles fronteiriços. A maior fatia
 dos entrevistados também se opõe ao trabalho de sul-americanos no país 
sem visto (66%) e rejeita (65%) a possibilidade de intervenção 
brasileira em uma possível crise militar regional.
 Quando o assunto é a "liderança pela carteira", ou seja, a ajuda 
financeira a países menos desenvolvidos da região, 65% dos entrevistados
 no Brasil disseram concordar com essa possibilidade.
 Mas o índice do Brasil nesse item foi o menor de todos os países, e 
ademais os pesquisadores alertam que os altos índices nas respostas 
podem estar relacionados à tendência – identificada nos estudos de 
opinião pública – de participantes a responder perguntas de fundo moral 
baseados no que pensam ser algo social e politicamente correto.
Problemas na vizinhança
 A partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a ênfase da 
diplomacia brasileira na integração regional, como foco na América do 
Sul, expõe o reconhecimento tácito da dificuldade do país em exercer 
influência em todo o "continente" latino, avaliam Mourón e os 
pesquisadores do Instituto de Relações Internacionais da USP.
 Mas em geral, quando o assunto é opinião pública no Brasil, a América 
Latina é vista mais como preocupação e problema do que benefício, 
conclui o estudo.
 Percepção que, afirma Mourón, acaba tendo respaldo na realidade, diante
 da série de percalços que o país enfrentou na última década com os 
vizinhos, como o episódio da nacionalização dos ativos da Petrobras na 
Bolívia, a expulsão da Odebrecht do Equador, as barreiras de comércio 
entre Brasil e Argentina e a frustrada sociedade com a Venezuela na 
construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. 
Fonte: Terra Notícias 
14 de dez. de 2015
PARA REFLETIR E AGIR: OS BRASILEIROS QUEREM O SEU DINHEIRO DE VOLTA E NÃO APENAS OS CORRUPTOS PRESOS E INELEGÍVEIS !!!!!!!!!!!!!!!!
No
Brasil, corrupção bate tráfico de droga na indústria de lavagem de dinheiro
O volume de recursos públicos desviados no país
fez surgir uma sofisticada indústria de lavagem de dinheiro a serviço de
políticos, empresários e servidores públicos. A lavanderia brasileira tem hoje
estrutura profissional, com métodos cada vez mais difíceis de serem
descobertos. Na avaliação de investigadores, os crimes contra a administração
pública direcionam mais recursos sujos para a lavagem que o tráfico de drogas -
que tradicionalmente movimenta somas expressivas e sempre desafiou as
autoridades de combate a ilícitos.
Só nos inquéritos em curso a Polícia Federal
apura, atualmente, desvios de R$ 43 bilhões dos cofres da União. Desse total,
R$ 19 bilhões se referem às perdas da Petrobras investigadas na operação Lava
Jato. O montante é o triplo do admitido até agora pela estatal. O valor
recuperado ou bloqueado somente nessa operação é, por ora, de R$ 2,5 bilhões -
oito vezes mais que o valor de bens apreendidos de traficantes em todo o ano
passado.
"O dinheiro sujo hoje no Brasil não é só
droga, é principalmente desvio de recursos públicos, porque é muito fácil. É bi
(bilhão), bi e bi. A lavagem é assustadora", diz um dos chefes do combate
à corrupção na Polícia Federal. Estimativa da ONU divulgada em 2012 indica que,
considerando todas as esferas de governo, o desvio de recursos públicos já
chega a R$ 200 bilhões por ano no País.
Para o diretor do DRCI (Departamento de
Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) do Ministério da
Justiça, Ricardo Saad, essa constatação é resultado da mudança de foco.
"Antes tinha-se a percepção de que era o tráfico (que mais lavava
dinheiro); hoje as autoridades estão mais voltadas em combater a corrupção. O
número de processos está muito nivelado."
Complexidade
Nas últimas duas semanas, o Estado ouviu 15
autoridades que atuam em casos de corrupção sobre os novos mecanismos
utilizados para reciclar as riquezas obtidas por organizações criminosas e dar
a elas fachada legal. Para delegados, procuradores, juízes e responsáveis pelo
setor de inteligência financeira, essa arte ficou mais complexa. "Tudo
ocorre no mundo das sombras. Mas, para ambos os crimes, as cifras são
expressivas, considerando apenas os casos conhecidos", disse o juiz
federal Sérgio Moro, que atua na Lava Jato.
De meros operadores do mercado clandestino de
câmbio, doleiros viraram "bancos" de dinheiro sujo e especialistas em
gerir o caixa 2 de empresários corruptores. Bancos internacionais oferecem a
clientes VIP produtos para ocultar suas fortunas no exterior, seja qual for a
origem. O dinheiro das quadrilhas brasileiras se desloca de tradicionais
paraísos fiscais na Europa e no Caribe para destinos na Ásia e Oceania, cujas
autoridades não têm tradição de colaborar com os investigadores brasileiros.
Principalmente em casos de corrupção, que
envolvem a blindagem de políticos e altos funcionários públicos, as
organizações criminosas contratam profissionais altamente especializados, os
chamados "gatekeepers" (porteiros ou "abridores de
portas"), como consultores financeiros, contadores e advogados. A tarefa é
organizar as operações financeiras complexas para movimentar o dinheiro de
origem ilícita e criar estruturas societárias para ocultar a real propriedade
dos valores.
'Terceirização'
"Uma das características da lavagem de
dinheiro moderna é a profissionalização, outra é a complexidade, e outra, a
internacionalidade. Essas pessoas, como o (doleiro Alberto) Youssef, são
lavadores de dinheiro terceirizados", afirma o procurador da Operação Lava
Jato Deltan Martinazzo Dallagnol. Ele explica que os criminosos de colarinho
branco estão dispostos a pagar altas comissões por uma operação supostamente
indetectável.
Em depoimentos prestados em regime de delação
premiada na Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto
Costa disse que, ao dividir as propinas milionárias do esquema na estatal, 60%
dos valores ficavam com partidos políticos e 20% cobriam custos, como a
montagem de empresas de fachada, o pagamento de tributos, a emissão de notas
frias e o pagamento de "gatekeepers". Os outros 20% eram divididos
entre ele próprio e o doleiro Alberto Youssef. "Se você for pensar,
ninguém precisava de Youssef ou de operador. Mas eles entram como catalisadores,
para facilitar a lavagem", acrescenta o procurador.
Tecnologia
Novas formas de "reciclar" dinheiro
sujo estão surgindo com a inovação tecnológica. É o caso das moedas virtuais,
como as "bitcoins", e dos meios de pagamento como cartões pré-pagos,
formas fáceis de fazer transitar fortunas sem chamar a atenção. "São eles
(os criminosos) correndo na frente e nós atrás", diz um dos chefes do
combate à corrupção da Polícia Federal. O que não significa que métodos
arcaicos tenham sido abandonados.
Um outro dirigente da corporação faz uma
autocrítica: "As pessoas também utilizam as estruturas mais simples porque
está correndo frouxo. A repressão do Estado não está sendo a contento para as
pessoas deixarem de fazê-lo".
O diretor-geral de Combate ao Crime Organizado da
Polícia Federal, Oslaim Santana, afirma que o Brasil tem feito nos últimos anos
acordos com outros países para receber informações sobre recursos desviados da
administração pública, escondidos no exterior, em troca de fornecer dados sobre
organizações internacionais de tráfico de drogas. "O que nos interessa, o
que mais aflige a população brasileira, é a corrupção. Eu digo a eles: 'Eu
combato o tráfico internacional, mas preciso saber quais são os brasileiros que
têm dinheiro lá fora'. Ingleses, franceses, americanos começaram a repassar
reportes (relatórios) a partir disso", diz.
'Lição'
Na avaliação do secretário nacional de Justiça,
Beto Vasconcelos, "não há afrouxamento, mas endurecimento da atuação do
Estado" no combate ao crime. Ele cita como exemplo a criação de órgãos de
inteligência financeira, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), a SuperReceita e o próprio Departamento de Recuperação de Ativos e
Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça.
Tem ainda o fator sorte: "Uma coisa que a
gente aprende é que não existe segredo eterno. Sempre vai ter alguém que vai
contar, um desentendimento no grupo criminoso e, sobretudo, a técnica do ex:
ex-mulher, ex-sócio, ex-empregado." As informações são do jornal "O
Estado de S. Paulo".
9 de dez. de 2015
PARA REFLETIR...
Da Bélgica a Gaza: O trajeto de um fuzil europeu até chegar às mãos de extremistas
Reportagem da BBC mostra como armamentos de ponta usados na guerra da Líbia foram levados para radicais palestinos

Há três anos, especialistas em armas identificaram um fuzil belga de 
última geração nas mãos de militantes islâmicos na Faixa de Gaza.
 Mas como uma organização listada como terrorista pela União Europeia e 
pelos Estados Unidos conseguiu esse armamento? O especialista Nic 
Jenzen-Jones e o repórter da BBC Thomas Martienssen rastrearam a jornada
 do fuzil.
 Em 2 de outubro de 2012, a Brigada Al-Quds, braço armado da Jihad 
Islâmica, tomou as ruas de Rafah, no sul de Gaza, para marcar o 17º 
aniversário do assassinato de um integrante do grupo pelo Mossad, o 
serviço de inteligência de Israel.
 Trata-se de um evento anual - uma parada militar onde os integrantes 
costumam exibir armas e munições mais recentes. E certamente havia algo 
novo naquela parada de 2012.
 Entre o arsenal habitual de fuzis AK, metralhadoras de antigos regimes 
comunistas do Leste Europeu e rifles chineses, havia dois fuzis 
automáticos bem mais raros naquelas bandas - o belga F2000 e o russo 
AK-103.
 Até então, essas duas armas raramente eram vistas com um mesmo grupo. 
Mas na guerra civil na Líbia, um ano antes, um F2000 Standard com 
lançador de granada LG1 havia sido documentado nas mãos de grupos 
favoráveis ao ex-líder Muammar Khaddafi e, depois, de forças rebeldes - 
bem como uma variação do AK-103, o AK-103-2.
 Então como essas armas chegaram à Líbia, e como foram de lá até Gaza? 
Um ex-rebelde líbio, que aqui será chamado de Ahmed, pode contar parte 
desta história.
A origem das armas
Após a queda de Trípoli para forças anti-Khaddafi, em agosto de 2011, a maior parte das facções rebeldes mudou o foco para o sul do país, para as cidades de Sirte e Sabha. Um dos últimos bastiões fiéis a Khaddafi, Sabha era o alvo seguinte para Ahmed e sua milícia.
Após a queda de Trípoli para forças anti-Khaddafi, em agosto de 2011, a maior parte das facções rebeldes mudou o foco para o sul do país, para as cidades de Sirte e Sabha. Um dos últimos bastiões fiéis a Khaddafi, Sabha era o alvo seguinte para Ahmed e sua milícia.
 
 A unidade de Ali e os dois rifles F2000 (à esq. e ao centro) (Foto: BBC/Divulgação)
 
Um F2000 nas mãos de um dos combatentes da milícia de Ali (Foto: BBC/Divulgação)
 Mas os rebeldes chegaram tarde. Sabha foi liberada em 20 de setembro e 
eles só aportaram por lá dois dias depois. Perderam a maior parte da 
agitação, porém ouviram muitas histórias de um ex-estudante chamado Ali,
 jovem como Ahmed. Um desses casos era sobre um incidente registrado no 
dia anterior, no subúrbio sul de Sabha.
 "Nós mantínhamos um checkpoint logo na saída de Sabha. Um carro chegou e
 o vidro se abaixou", disse Ali. "O homem disse ser um oficial da 32ª 
Brigada e pediu que o deixasse passar. Não tínhamos bandeiras 
revolucionárias na época, então eles devem ter pensado que éramos forças
 fiéis a Khaddafi."
 Ali decidiu capturar o oficial e sua equipe, bem como seu armamento 
pessoal - dois modernos fuzis AK, uma pistola dourada e fuzis estranhos 
que chamavam, erroneamente, de "o FN francês".
Canais legais
A venda de armas belgas ao regime de Khaddafi havia sido acertada em maio de 2008.
A venda de armas belgas ao regime de Khaddafi havia sido acertada em maio de 2008.
 A fabricante, FN Herstal, baseado em Liège, se comprometera a entregar 
367 fuzis F2000 com lançador de granada, 367 submetralhadoras P90, 367 
pistolas 5.7, 50 revólveres Browning "Renaissance", 30 metralhadoras 
leves Minimi, 2 mil lançadores não-letais FN 303 e mais de 1 milhão de 
diferentes munições. O pacote sairia por mais de 12 milhões de euros.
 A ONU baniu a venda de armas à Líbia por muitos anos, mas o país 
africano voltou a ter algum crédito na comunidade internacional quando 
prometeu destruir suas armas químicas e descartar a produção de 
armamentos de destruição em massa. O embargo da ONU foi levantado em 
2003, e um veto semelhante da Uniao Europeia caiu em 2004.
 As armas belgas eram necessárias, segundo o governo da Líbia, para 
escoltar um comboio de ajuda humanitária até a conflituosa região de 
Darfur, no Sudão. A FN Herstal, maior exportadora de armas militares 
pequenas da Europa, diz que a venda foi legal, e que não foi a única 
empresa europeia a fazer negócios com a Líbia na época.
 Em seis anos após o fim do embargo europeu, a União Europeia já havia 
concedido licenças de venda de armas para a Líbia no valor de 834 
milhões de euros. Empresas no Reino Unido e na Itália estavam entre 
aquelas que aproveitaram a onda.
 Em novembro de 2009, as armas do acordo belga desembarcaram na Líbia e 
foram equipar a 32ª Brigada, conhecida como brigada "Khamis" por ser 
comandada pelo filho mais novo de Khaddafi, Khamis Khaddafi.
 Segundo a ONG Human Rights Watch, a brigada cometeria uma série de 
violações de direitos humanos, entre elas a execução sumária de 45 
presos em Salahaddin, perto de Trípoli, em 23 de agosto de 2011.
Conexão russa
A Rússia também vinha fornecendo armas à Líbia.
A Rússia também vinha fornecendo armas à Líbia.
 No final de 2003 ou início de 2004 - pouco depois do fim do embargo - a
 Líbia havia começado negociações para comprar um leque amplo de armas e
 munições, incluindo armamento antitanque e sistemas de defesa aérea 
portátil (Manpads). Um desses acordos incluiu o fuzil automático 
AK-103-2.
 A Brigada Al-Quds na parada em 2011 (Foto: BBC/Brigada Al Quds)
Um relatório obtido pela consultoria em inteligência Armaments Research
 Services (Ares), pela Human Rights Watch e por outras ONGs revelou que a
 Líbia fez pelo menos três pedidos por fuzis AK-103-2 em um contrato 
firmado em abril de 2004.
 O primeiro pedido, em setembro de 2004, incluía 60 mil fuzis, cada um 
com quatro pentes, baioneta, kit de limpeza, alça e recipiente de óleo. 
Mas quando a guerra civil estourou na Líbia em 2011, já havia mais de 
200 mil desses modernos fuzis espalhados pelo país.
 Posteriormente, quando o conflito esfriou, Ahmed, Ali e seus 
companheiros combatentes entregaram a maioria de suas armas, incluindo 
um F2000, ao novo governo.
Última viagem
O segundo fuzil F2000 que Ali tinha capturado acabou sendo repassado a um traficante de armas em Misrata chamado Khaled, que estava angariando armamentos para doar a militantes na Faixa de Gaza.
O segundo fuzil F2000 que Ali tinha capturado acabou sendo repassado a um traficante de armas em Misrata chamado Khaled, que estava angariando armamentos para doar a militantes na Faixa de Gaza.
 Localizado pela consultoria Ares, por meio de uma fonte conhecedora do 
mercado de armas da Líbia, Khaled confirmou ter sido responsável por um 
envio de armas para Gaza, que incluiu um fuzil F2000 e um AK-103-2, 
entre outros modelos de AK-103, todos enviados gratuitamente.
 "Enviamos para ajudar o povo de Gaza", disse ele.
Parada é usada por grupo radical palestino para exibir poderio bélico (Foto: BBC/Brigada Al Quds)
 Assim como o fuzil belga FN Herstal F2000 tinha sido identificado 
incorretamente pelos rebeldes na Líbia como a "FN francesa", o AK-103-2 
foi classificado em 2012 em Gaza como o "israelense Kalashnikov". Khaled
 e seus amigos se deleitaram ao fornecer a militantes palestinos o que 
imaginavam ser uma arma israelense.
 A Brigada Al-Quds continua a exibir essas armas. O AK-103-2 e o F2000 
foram documentados em sua posse em agosto de 2015. O grupo confirmou 
recentemente que ainda dispõe do F2000.
 Fuzis F2000 também têm aparecido nas mãos de militantes islâmicos na 
Península do Sinai, no Egito. Como aqueles em Gaza e na Líbia, os 
modelos receberam o lançador de granadas LG1 debaixo do cano.
 Talvez não seja surpresa, dado o volume importado pela Líbia, mas os 
fuzis AK-103-2 são comuns no interior do país - foram empregados no 
assassinato, pelo grupo autodenominado Estado Islâmico, de 30 cristãos 
etíopes na Líbia em abril - e têm proliferado por toda a região do 
Oriente Médio e norte da África.
 Integrantes do Hamas têm sido fotografados com essas armas, assim como 
combatentes palestinos em comitês de resistência popular e na Frente 
Popular para Libertação da Palestina.
 Relatórios de um painel da ONU sobre a Líbia indicam, entretanto, 
registros da presença do AK-103 também no Mali, na Tunísia e na Nigéria.
 Mas muitas outras armas, não apenas o F2000 e e AK-103-2, foram 
saqueadas de estoques da Líbia ou dominadas por milícias durante a 
guerra civil da Líbia. O regime líbio tinha se armado até os dentes e 
seu rápido colapso no curto e sangrento conflito de 2011 fez do país uma
 grande liquidação de armas para militantes em todo o mundo.
Nic Jenzen-Jones é diretor da consultoria de inteligência Armament Research Services (Ares)
Fonte: Terra Notícias 
8 de dez. de 2015
2 de dez. de 2015
PARA REFLETIR....
Em Setembro o editor
de Teologia Brasileira, Franklin Ferreira, falou no V Encontro Teológico da
Igreja Batista do Morumbi-SP, que tratou do tema “Cristianismo, arte e
cultura”, com Luiz Felipe Pondé, que lhe concedeu esta rápida entrevista.
1) O senhor foi ateu
durante muito tempo. Hoje crê em Deus. Por que tal mudança?
Permaneço um ateu
filosoficamente, no sentido de que não me sinto atraído ou necessitado de
religião, apesar de não julgá-las uma experiência menor. Acho o ateísmo uma
versão filosófica simplista. Interesso-me pela mística porque muitas vezes
tenho a impressão de que o mundo é sustentado por alguma forma de beleza e
misericórdia.
2) Qual a importância
da Bíblia para o senhor?
Livro de sabedoria,
memória ocidental, “lugar” onde tomamos conhecimento deste “personagem” Deus,
que acho de uma elegância inigualável. Ler a Bíblia me acalma.
3) Quais os autores
Cristãos que o senhor leu que foram mais significativos?
Santo Agostinho,
literatura monástica, Pascal e Dostoievski. Aprendi um pouco mais acerca da
minha humanidade lendo-os.
4) Há espaço para a
fé Cristã na esfera pública?
Sim, se a população
cristã eleger representantes que defendam valores a ver com a crença, mas
jamais fundamentando-os em argumentos bíblicos porque o Estado é laico. Os
cristãos devem encontrar formas de defender suas ideias dentro de um jogo
conceitual sem referência a fé, mas usando termos da filosofia e do
comportamento humano histórico.
5) Que livros o
senhor julga importantes para formar uma mentalidade crítica frente à esquerda?
Pra começar, a
coleção de cinco livros que acaba de sair pela É Realizações
chamada Biblioteca de Crítica Social. Os livros de Roger Scruton são muito
contemporâneos e úteis nesse debate.
6) Qual a importância
da fé Cristã na civilização ocidental? 
Fundamento dela. A fé
cristã é a cultura sobre a qual grande parte dos valores ocidentais se
desenvolveram, como a ideia de igualdade entre os seres humanos, a ideia de
caridade como amor social ao próximo, a ideia de pecado e autoconhecimento, a
busca de uma verdade interior, e com isso se deu as bases da psicologia
profunda, entre outras coisas.
7) Por que as
esquerdas enfatizam tanto a noção da “privatização da fé” (laicização)? 
Para manter a
religião diante da TV e do computador. Para garantir que a dogmática religiosa
não invadirá o espaço público.
8) Em que o
Cristianismo é superior à esquerda? 
Entre outras coisas
pela sua sensibilidade a uma natureza humana sofrida e confusa, presente no
conceito de pecado.
9) A teologia da
libertação seria uma interpretação legítima da fé Cristã? 
Só no seu aspecto de
herdeira do carisma profético hebraico de crítica social, não na sua
hermenêutica marxista.
10) Quais serão suas
próximas publicações?
Estou trabalhando num
livro de História da filosofia para corajosos (título provisório),
inspirado na crítica nietzschiana. Também pretendo escrever um livro sobre os
Salmos, texto místico por excelência da Bíblia hebraica
Fonte: http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=471
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