CIÊNCIAS SOCIAIS

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31 de mai. de 2013

QUEM DIRIA, HEIN-1?

Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB
Sem um pio dos deputados do PT que, durante décadas, se elegeram com o apoio dos seus funcionários - grande parte deles petista - a Chesf, a maior estatal do Nordeste, vive aos 65 anos uma situação inusitada,  desconfortante, e, completamente inimaginada até poucos anos atrás: vai demitir a partir do segundo semestre deste mês mais de 2 mil funcionários.

Sob a alegação de que se trata de apenas um plano de “demissão voluntária”, a Chesf pretende, de uma canetada só, colocar no olho da rua cerca de  40% dos funcionários que a tem hoje.  A decisão já está sacramentada: se, voluntariamente, estes funcionários não “pedirem” para sair, serão demitidos e aí o corte não tem critério. Sairão todos os que forem necessários para cumprir o acordo feito com a Eletrobrás e o Governo Federal para fazer um enxugamento do setor elétrico.

O desmonte dos órgãos de desenvolvimento do Nordeste, dos quais a Chesf ainda é hoje o mais expressivo, começou com a redução da Sudene a uma simples agência da qual quase não se fala mais. Apesar de ainda ter um prédio no Recife, ela inclusive deixou de ser considerada pelo Governo Federal até mesmo para dar opiniões sobre a seca e vem claudicando a olhos vistos.

O DNOCS é hoje um órgão em extinção. A Codevasf, que atua no São Francisco, se prepara para transferir sua sede de Petrolina para Brasília onde, certamente, terá o mesmo fim dos demais.  O único que ainda permanece intocável é o que Banco do Nordeste, por conta da bravura do povo cearense que é capaz de levantar barricadas para defendê-lo, mas, mesmo assim,o BNB não é o mesmo de alguns tempos atrás quando, como a Sudene e a Chesf, compunha a tríade da referência desenvolvimentista de uma região que um dia sonhou em conduzir seu próprio destino.

O mais inusitado de tudo isso é que o “desmonte” se consolidou e segue, célere, na era do PT. O Partido dos Trabalhadores, pelo visto, transferiu a sua sanha corporativista para o sul e sudeste ou mesmo para a máquina governamental encastelada em Brasília, esquecendo da sua expressão nordestina.

Na verdade, a não ser que outra explicação venha por aí, a “ inteligência “ nordestina que carregou a bandeira vermelha pelas ruas e praças do Recife nas eleições passadas, deixou de ser referência para o Partido dos Trabalhadores.

O mais cruel no verdadeiro desmonte que se faz na Chesf é que a empresa deixa atrás de si não só milhares de pais e mães de família desempregados, mas um trabalho social significativo que desenvolvia em assentamentos de trabalhadores mantidos, sobretudo, em Pernambuco, e uma inegável contribuição ao desenvolvimento da cultura regional, função que vinha exercendo com desenvoltura até um ano atrás e foi suspensa sem choro nem vela.

Se a empresa estivesse no vermelho era perfeitamente entendível sua redução ou mesmo seu fechamento mas não é o caso. A Chesf é hoje a “joia da coroa” do setor elétrico brasileiro. Em 2012, por exemplo, teve um lucro de R$ 2 bilhões e 177 milhões.

Acontece que deixou se ser importante diante da ordem dada ao setor pela presidente Dilma que é a de transformar a Eletrobrás na Petrobrás do setor elétrico. Como a Chesf é a empresa que mais dá lucro nesta área será a mais sacrificada em termos de estrutura e funcionários para que os recursos que possui sejam transferidos à Eletrobrás como mais celeridade.

Inverte-se desta forma a lógica do desenvolvimento regional criada pela Cepal e pelo economista paraibano Celso Furtado. Subvertendo tudo que a esquerda pensou antes da ditadura, Dilma introduz o desenvolvimento concentrado em Brasília do qual o Nordeste já sabe que não participa.

Mas quem tem bolsa família para “comprar os votos” dos miseráveis – e o Nordeste tem muitos – porque se preocupar com desenvolvimento regional ? Para o PT isso é tudo coisa do passado.

Fonte: Blog do Jamildo

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